Gyokeres, avançado do Sporting, tenta fugir à marcação apertada de Tomás Araújo, defesa do Benfica, para visar a baliza de Trubin no dérbi de dezembro último entre os dois clubes que sorriu aos leões
Sporting, de Gyokeres, e Benfica, de Tomás Araújo, lutam pelo título de campeão nacional
Foto: IMAGO

Sprint' emocional na reta final do campeonato

OPINIÃO01.05.202506:25

Desportiva_MENTE é o espaço de opinião quinzenal de Liliana Pitacho, psicóloga e docente no Instituto Politécnico de Setúbal

Na reta final do campeonato, Sporting e Benfica caminham lado a lado, não apenas na questão pontual, mas também na tensão que carregam. A igualdade pontual entre as equipas é uma corda esticada entre dois mundos: o da glória e o do fracasso Cada jornada é uma roleta emocional e o dérbi que se aproxima pode ser o tudo ou nada.

Estatísticas afinadas, esquemas táticos ensaiados, lesões geridas com pinças, mas pode ser a gestão emocional o fator determinante nesta reta final. Antes de se decidir no campo, o título joga-se na mente. A pressão aumenta e torna-se uma constante em cada jogo, uma tensão crescente que se sente dentro e fora de campo. Nesta fase, o que mina ou eleva o rendimento não é apenas o treino físico ou o plano tático. É o modo como o cérebro dos atletas interpreta o peso de cada jogo e a competência que cada um tem para gerir a pressão adicional que as circunstâncias atuais colocam.

A ansiedade competitiva, em doses moderadas, pode ser uma aliada do desempenho desportivo e um recurso útil para os atletas de alta competição, permite-lhes aumenta a vigilância, afinar os reflexos e preparar o corpo para a exigência da competição. No entanto, quando a pressão se torna excessiva e contínua, esse estado deixa de ser mobilizador e pode passar a ser bloqueador, sobretudo se os atletas não dispuserem de estratégias eficazes para o gerir.

Os jogadores têm vivido semanas sucessivas sob máxima exigência, e ao que tudo indica assim continuará muito possivelmente até final, o que transforma uma ansiedade inicialmente episódica (associada ao momento dos jogos) numa ansiedade crónica. O organismo, sem tempo para recuperar entre os picos de tensão cada vez mais elevados, entra num ciclo de hiperativação emocional, o que pode comprometer a clareza mental, a tomada de decisão e, inevitavelmente, o rendimento.

Neste contexto, o treino mental assume um papel tão central quanto o treino físico ou tático. É este um momento crucial para a implementação práticas que potenciam a regulação emocional e o foco no desempenho, mitigando os efeitos da pressão externa, como por exemplo, as técnicas de visualização positiva, a respiração controlada, o foco no presente e a reformulação cognitiva que permitem aos jogadores reduzir a ansiedade disfuncional, aumentar a autoconfiança e preservar a clareza nas decisões em momentos críticos.

Neste campeonato disputado ao milímetro, os jogadores não enfrentam apenas os seus adversários, enfrentam a sua própria mente. Semana após semana, carregam a expectativa e o peso do dever da vitória.

Estão tão próximos da glória que a distância à mesma tanto atrai quanto paralisa. Nesta reta final não será apenas o talento que ditará o desfecho. Será a capacidade de cada um, treinador e jogadores, de gerir a pressão e as suas emoções.

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