Sporting não terá rumo sem paz
O Sporting precisa de um rumo. Nunca se vislumbrou em Varandas capacidade de traçá-lo e agora mesmo se lhe surgisse uma ideia nova ninguém seria capaz de descobri-la, com tanto fumo à volta. Sem rumo, está à deriva. Não há meias-palavras que ajudem.
Varandas foi eleito com legitimidade num clube já dividido. Depois de várias derrotas desportivas - contrabalançadas com as duas taças conquistadas e a reestruturação financeira - há ainda um desaire político a considerar. A divisão mantém-se, acentuou-se e, se extrapolarmos um pouco, a base de apoio parece mais reduzida. O presidente está claramente em perda, contestado e cada vez mais isolado. Se no campo as coisas não melhorarem - o melhorar dependerá mais uma vez das expectativas e convém lembrar que a gestão das mesmas tem sido um dos maiores problemas em Alvalade - nem a passagem do dirigente por outros cenários de guerra, bem mais perigosos, lhe deram a experiência que o sustente no poder.
O leão vive com os alarmes antiaéreos a soar a toda a hora e sob ameaça de uma lei marcial que torne, pelo menos, a contestação menos ensurdecedora. La Palice diria, se lhe tivessem perguntado em tempo útil, que não há rumo sem paz. Sou obrigado a concordar. Sem paz, sem uma espécie de consenso qualquer ou até de compromisso, dificilmente o clube voltará ao caminho do sucesso.
Varandas, pelos erros sucessivos que cometeu e pelos inimigos que angariou e que poderia, dado ao momento, dispensar, estará a prazo. Só que o recado deve ser também para os adeptos. É preciso que esqueçam o passado em definitivo - que os trouxe até aqui - e olhem para o futuro. Afastem os falsos profetas e quem tem tentado suster a própria ascensão nas cinzas de Alvalade e escolham um líder que lhes devolva a esperança.
Primeiro, a paz.