Sporting como laboratório da sociedade

OPINIÃO28.05.201804:01

Os sócios do Sporting com capacidade para intervir na Assembleia Geral (AG) do clube marcada para o próximo dia 23 de junho têm uma responsabilidade histórica em mãos. É deles que depende o futuro dos leões, serão eles a determinar o rumo que o emblema de Alvalade vai seguir. Por isso, retomo a ideia que já deixei expressa noutros momentos, o Sporting será aquilo que os seus sócios quiserem que seja. A circunstância por que o clube passa é grave, são conhecidas as divisões internas, as dificuldades de relacionamento entre os órgãos sociais, a crise com jogadores e técnicos, os processos de Alcochete (e os que ainda estão a chegar) e o caso Cash-Ball, que segue o seu caminho na justiça. Claramente, num primeiro momento, será pedido aos sócios do Sporting que se pronunciem sobre a continuidade de Bruno de Carvalho e dos seis elementos do Conselho Diretivo que lhe dão quórum. Mas mais do que discutir pessoas, o que estará sobre a mesa é decidir sobre uma maneira de estar e ser, uma forma de dirigir o clube que tem sido marcada pela polémica e também pela ostracização de muitos sportinguistas, numa deriva que tem minado de forma quiçá irreversível a unidade que deve fazer parte do ADN de qualquer clube.

Como ficou claro na mais recente intervenção do líder da ultradireita nacional, Mário Machado (que deve ser lida em toda a sua extensão social e política), o Sporting tornou-se em campo fértil de arregimentação extremista, o senso comum anda à deriva e é esse equilíbrio que o clube precisa de recuperar, sob pena de se perder o sentido que manteve viva a chama leonina, desde 1906.

O que vai estar em causa na AG de 23 de junho é muito mais do que uma substituição de órgãos sociais; aquilo a que os sócios do Sporting serão chamados a pronunciar-se tem a ver com o clube a que querem pertencer. Não valerá muito a pena regressar, aqui e agora, aos argumentos a favor e contra Bruno de Carvalho, esses têm sido sobejamente debatidos e comentados. O que importará mais, neste momento, é a chamada de atenção que deve ser feita, quanto à transcendência da decisão a que vão ser chamados. Porque, repito, o Sporting será aquilo que os seus sócios quiserem que seja. Se ficarem em casa, só eles saberão porquê...