SLB-FCP numa decadência moral
Nem um aceno, um sorriso, nada... Muito mais iguais do que julgam, afinal
A S imagens da BTV mostravam o túnel de acesso ao relvado no Benfica-FC Porto: não vi um jogador de qualquer das equipas cumprimentar um da outra, ali na fila ao lado. Nem um aceno, nem um sorriso. Uma indiferença que me perturbou, confesso.
Depois arrancou o Benfica-FC Porto, esse jogo fraco, duas equipas de futebol banal, puxando o jogo para correrias das individualidades na frente (a solução básica), treinadores sem qualquer surpresa para uma ocasião especial, no final absorvidos pelo discurso iludido do «fomos melhores e só nós merecíamos vencer». Não, não foram. Este FC Porto, apesar da surpresa que foi na Champions, é um dos mais fracos dos últimos anos, justo segundo classificado da Liga, e este Benfica também é um dos mais fracos dos últimos anos, justo terceiro.
No final, Sérgio Conceição e Jorge Jesus nem se olharam, que se tenha visto - e tal não se ter visto é importante, o caráter público do gesto, portanto. Mesmo que eventualmente se tenham saudado num local reservado.
Ademais, os jogadores tiveram comportamento parecido: aqueles que não dão entrevistas, não se sujeitam a contraditórios e se rebaixam durante carreiras inteiras a discursos controlados para os canais dos clubes, logo se apressaram a fazer queixinhas dos árbitros nas redes sociais, esses megafones dos egos. «Vergonhoso!», escreveu Otamendi; «Sempre a mesma coisa», protestou Grimaldo; e Otávio respondeu com carinhas sorridentes e choronas, supostamente irónicas.
Mesmo numa das poucas ocasiões em que conseguiram acabar um jogo sem discussões ordinárias ou violência descarada, FC Porto e Benfica deram um renovado sinal de decadência moral, fechados neles próprios. Afinal, nesse mesmo exemplo, muito mais próximos um do outro do que julgam ou querem.