Kokçu, médio turco do Benfica, tenta escapar à marcação de Hjulmand, capitão do Sporting, no dérbi de 29 de dezembro do ano passado que sorriu aos leões, por 1-0, golo de Geny Catamo
Hjulmand deverá manter-se no onze com o Gil Vicente apesar de estar em risco para o dérbi (IMAGO)

Opinião de Diogo Luís Será a sorte ou o azar a definir o vencedor do campeonato?

OPINIÃO27.04.202510:40

Mercado de valores é o espaço de opinião semanal de Diogo Luís, antigo jogador e atual economista

Faltam quatro jogos para terminar o campeonato nacional e a luta pelo primeiro lugar está ao rubro. Num campeonato marcado por falhas dos grandes candidatos ao título, será que ainda vamos assistir a mais alguma escorregadela por parte de Benfica ou Sporting? A realidade é que os dois clubes de Lisboa, nos jogos que restam, têm a oportunidade de vencer por mérito, depois dos muitos erros que foram cometendo ao longo da época.

O Sporting de Amorim

Ao longo das 30 jornadas posso afirmar que houve uma equipa que dominou por completo os acontecimentos. Até à 11.ª jornada o Sporting de Ruben Amorim encantou quem gosta de futebol. Com 39 golos marcados e apenas 5 sofridos dominou por completo quem se atravessou no seu caminho. Com Ruben Amorim o Sporting era uma equipa alegre, confiante, motivada e que acreditava até ao último minuto. Conseguia conciliar esta capacidade mental com a mecanização do seu jogo. As peças encaixavam na perfeição, o que fez com que o Sporting tenha conseguido dominar os adversários, com exibições consistentes e de grande qualidade.

O reflexo da dinâmica que Ruben Amorim conseguiu imprimir no Sporting foi a valorização de muitos dos jogadores que fazem parte do plantel leonino. É ainda importante destacar que, na Champions, o Sporting também foi consistente, tendo vencido os adversários que teve pelo caminho. Arrisco-me a dizer que se Ruben Amorim tivesse ficado em Alvalade, possivelmente o Sporting já se teria tornado campeão. Como em todas as provas, os comportamentos de uns influenciam os dos outros. Assim em 2024/2025, enquanto Ruben Amorim esteve a liderar o Sporting a perceção que passava é que, este ano, o Sporting não iria dar hipóteses aos rivais. Contudo, com a saída de Ruben Amorim tudo mudou. O Sporting descomprimiu e desceu à terra e os concorrentes reforçaram a sua confiança e perceberam a janela de oportunidade que se estava a abrir.

O menos mau

Vou reforçar aquilo que já escrevi anteriormente, quem vencer o campeonato este ano será o menos mau. Não estou com isto a retirar mérito a quem consiga alcançar o tão desejado título, pelo contrário. O que pretendo dizer é que, com a exceção das 11 primeiras jornadas, não houve uma equipa que tivesse tido a capacidade de ser realmente superior a todas as outras. Tanto Sporting como Benfica, ao longo deste campeonato, perderam pontos onde ninguém esperava e de uma forma regular. À 30.ª jornada as duas equipas de Lisboa já perderam 18 pontos, mais do que qualquer campeão dos últimos quatro campeonatos perdeu em toda a competição. A denominação do menos mau tem a ver com a falta de segurança e de consistência demonstrada ao longo de toda a competição.

Erros ou azar?

Nos últimos dias tivemos, mais uma vez, a oportunidade de ouvir Frederico Varandas falar. O seu foco foi reforçar as dificuldades e o azar que o Sporting teve ao longo desta época, com lesões atrás de lesões. Também já o tínhamos ouvido alguns meses antes a abordar as questões da arbitragem e a forma como se sentia prejudicado. Já o Benfica também tem a tendência de utilizar a questão da arbitragem quando comete algum deslize e quando se está a chegar à fase das decisões. Analisando a época, será que o Benfica e Sporting podiam estar numa situação mais vantajosa se os seus dirigentes tivessem tomado outras decisões? A minha resposta é afirmativa.

Começando pelo Benfica, o início da época foi desastroso. A manutenção de Roger Schmidt foi um erro, assim como o planeamento da época que levou a que fossem concretizadas várias transferências nos últimos dias de mercado de Verão. Posteriormente e depois de recuperar da desvantagem pontual relativamente ao Sporting, o Benfica não foi competente quando escorregou na Vila das Aves, quando perdeu com o Casa Pia fora ou com o Braga em casa e, sobretudo, quando desperdiçou dois pontos, em casa, frente ao Arouca.

No caso do Sporting os erros que fazem com que, neste momento, não esteja em melhor situação são bem visíveis. A falta de perceção da administração do Sporting foi clara e pode colocar em causa o êxito da época. Ao referir que tudo estava controlado, que saía um treinador e entrava outro e as coisas continuavam a andar sobre rodas, levou a que perdesse a margem pontual e psicológica que tinha ganho face aos principais concorrentes. Adicionalmente a forma como não soube gerir as lesões constantes que surgiram fez com que o Sporting tivesse perdido as várias benesses que, mesmo assim, o Benfica foi oferecendo ao longo do campeonato.

Percebo a dificuldade que os dirigentes em Portugal têm em assumir os seus erros, preferindo refugiar-se na questão das arbitragens ou no azar, mas será que o que aconteceu a Sporting e Benfica ao longo da época foi apenas azar? Acho engraçado este pensamento, porque quando as coisas correm bem, os protagonistas gostam de referir que a sorte dá muito trabalho. Se seguirmos o mesmo raciocínio, tanto azar também pode ser fruto de um mau trabalho…

Critério de desempate

Em caso de igualdade, o primeiro critério de desempate da Liga Portugal tem a ver com os pontos conquistados entre as equipas que lutam pelo título e de seguida a diferença de golos marcados e sofridos nos jogos entre estas mesmas equipas. Percebo, mas não concordo.

Para mim o campeonato é uma maratona, ou seja, uma prova de regularidade. Assim sendo, todos os jogos deveriam ter o mesmo peso. Dito isto, parece-me que o primeiro critério de desempate deveria ser a diferença de golos marcados e sofridos ao longo da. Com esta alteração, pretender-se-ia premiar a equipa que foi mais regular, eficaz e competente.

Se este for o principal critério, todos os jogos passarão a ser decisivos e farão com que as equipas queiram sempre marcar mais golos, porque sabem que no final isto pode fazer a diferença.

No limite, esta alteração poderia promover uma maior procura pelas balizas adversárias, tornando o espetáculo mais aberto e apelativo, assim como premiava a regularidade ao longo de toda a competição.

A valorizar: Sérgio Conceição

No meio de tantas críticas o treinador português pode, ao serviço do Milan, vencer mais um título depois de eliminar o Inter nas meias-finais da Taça de Itália.

Sugestão de vídeo:

Rui Borges foi questionado sobre o risco de a dupla ver amarelo diante do Boavista e falhar dérbi com o eterno rival
0 seconds of 55 secondsVolume 90%
Press shift question mark to access a list of keyboard shortcuts
00:00
00:55
00:55