Sem razões para mudar
Ao ataque posicional falta coragem, risco, alternâncias posicionais e variações na forma
A IDEIA com que Portugal entrou diante do Gana terá sido pequeno passo para a humanidade, mas um gigante para Fernando Santos. E, com receio de que os dê novamente para trás, arriscando a involução em vez de tentar continuar a evoluir, é preciso sublinhar já que não faz sentido mudar mesmo que o ataque posicional ainda reclame retoques - e, acrescento eu, mais um ou outro outro jogador com esse perfil, como Vitinha, por exemplo - e que, na comparação, fiquemos sempre a perder diante de quem nasceu no meio de triângulos e outras figuras geométricas, como os espanhóis, e de quem já o pratica ou é por este influenciado há uma década, a exemplo do que acontece com os alemães. A julgar pelas palavras do selecionador, a resposta teórica parece mais ou menos encontrada, embora não necessariamente na prática, uma vez que Otávio aparenta ter sido pensado sobretudo pela participação no momento defensivo. Se assim não fosse, não teria entrado William Carvalho para o seu lugar nem o médio do Betis seria o favorito para a inclusão direta no «onze» na ausência do companheiro. Isso diz-nos que o ataque posicional de Fernando Santos é um pouco diferente daquele que imaginamos, um que incorpore coragem, risco assumido, alternâncias posicionais e variações na forma, essenciais para desmontar blocos baixos. Olhamos para a Roja e o seu juego de posición e vemos jogadores a entregar e a ocupar imediatamente um espaço em que possam voltar a receber e, com isso, a equipa sobe em campo. Enquanto não for cultural, como é entre os homens de Luis Enrique, tem de ser obviamente muito treinado.
Agora parece evidente, mas já o era antes, que João Félix tem de estar na primeira linha de opções para esta Seleção. A participação nos três golos diante do Gana sublinha-o. Melhorará quando o contexto à volta o potenciar ainda mais.