SAD e Academia - veículos

OPINIÃO26.10.201900:48

Em tempo do X Congresso Leonino, lembrei-me de recordar as recomendações formuladas num texto que apresentei no VIII Congresso, em 2009, há dez anos, portanto, sob este mesmo título e na secção ‘Modelo estratégico do futebol’.


Face ao que consignam os estatutos, e ao deliberado em assembleia geral, o Sporting Clube de Portugal, atenta a publicação da segunda lei sobre sociedades anónimas desportivas, optou por dar personalidade ao seu departamento de futebol profissional constituindo a sociedade anónima desportiva - Sporting Clube de Portugal - Futebol SAD.


Na lógica de um projecto desportivo assente na formação, construiu-se a Academia de Alcochete, como estrutura fundamental de apoio aos excelentes recursos humanos que há muitos anos fazem formação de excelência.


Na SAD e na Academia deve residir toda a estratégia do futebol profissional e de formação dos atletas que pretendem seguir pela via profissional.
A SAD deve ter uma gestão autónoma, sem prejuízo do respeito pela cultura leonina, e do controle por parte dos sócios do uso que se faz por força da detenção de acções da categoria A, que confere direitos especiais ao clube fundador - o Sporting Clube de Portugal.
O respeito deve ser recíproco, isto é, se os accionistas devem respeitar os princípios e valores próprios dos sócios do clube fundador da SAD, os sócios devem também respeitar os accionistas, sócios do Sporting ou não, que confiaram o seu dinheiro à gestão de um accionista que, por lei, não pode ter uma percentagem no capital inferior a 15%, nem superior a 40%. ( Hoje a lei estabelece que a participação do clube fundador não pode ser inferior a 10%).
Nesta linha de respeito mútuo, e tendo em atenção a especial protecção das acções da categoria A, não tenho qualquer dúvida que não há desenvolvimento possível sem uma abertura de capital a investidores externos, ainda que para isso se perca a maioria. Julgo mesmo que sem a alienação de uma percentagem desnecessária, jamais o Sporting conseguirá, no seu conjunto, abater um passivo que lhe limita a sua capacidade de competição em termos nacionais e internacionais, sobretudo nestes, pois é evidente que competindo só no mercado português, o futuro se não apresenta risonho.
Como já afirmei em outras sedes não há que ter receio da perca da maioria do capital, pois as acções da categoria A protegem a vontade dos sócios do Sporting no que respeita aos seus valores e princípios essenciais.


Por outro lado, no que respeita aos receios da transferência de determinados bens, designadamente, imóveis, para a SAD, dentro de um principio que me parece correcto, de que à SAD o que diz respeito à SAD, e ao clube o que diz respeito ao clube, não deixo de chamar mais uma vez a atenção, que, para além do que está estabelecido legalmente, os estatutos da SAD exigem que, para a alienação de bens imóveis da sociedade, é necessário o voto unânime das acções da categoria A.
Assim sendo, torna-se apenas necessário que esse voto seja controlado pelos sócios do Sporting. E, nesta conformidade, basta uma simples alteração estatutária.
Com efeito, actualmente, nos termos do n.º 3 do art.º 6.º dos Estatutos, «depende ainda de autorização ou aprovação da Assembleia Geral, a alienação ou oneração de posições em sociedades... », pelo que bastará acrescentar que também dependerá dessa autorização  
Muito haveria a dizer no que respeita ao modelo estratégico do futebol. Mas, no momento actual, em que nos parece que a estratégia desportiva seguida está no caminho certo, parece-me suficiente emitir apenas duas recomendações, para se rumar a um futuro mais ambicioso, sem prejuízo do controle pelos sócios que criaram um veículo de desenvolvimento e não de estagnação ou retrocesso.
E formulei as seguintes recomendações:

1 - O Conselho Directivo e a Administração da SAD devem encarar frontalmente a hipótese de alienação de parte do capital social da SAD, dentro dos parâmetros legais, procurando parceiros credíveis, tendo em vista a resolução dos problemas económico-financeiros desta e do clube fundador, e rumo ao futuro mais competitivo, nacional e internacionalmente.

2 - A Assembleia Geral deve reclamar para si a competência para autorizar o sentido do voto unânime das acções da categoria A com que participa no capital das sociedades anónimas desportivas, bem como para deliberar sobre o exercício do direito de veto que é conferido a essas mesmas acções.
E não preciso de fazer qualquer comentário, porque o que pensava em 2009, continuo apensar em 2019, só que agora com maior veemência e reclamando urgência.

Arrogância
e arrogantes!

Tambem noutra ocasião e em circunstâncias diferentes escrevi sobre a arrogância e os arrogantes. Não gosto de arrogância, nem de arrogantes. Mas, às vezes, por ossos do oficio tenho de os aturar. Faço-o por saber que, mais dia, menos dia, implacavelmente, a hora deles chega. E chega às vezes de forma brutal!
Há pessoas que ainda não perceberam que a insolência, a altivez idiota e a presunção bacoca, mais cedo ou mais tarde se paga. A factura que se passa aos arrogantes é, e será sempre, elevada. Há pessoas que ainda não perceberam que há sempre uma hora na vida em que a desgraça lhes bate a porta.
Há pessoas que ainda não perceberam que quanto maior é a altura do sonho, maior é a queda no abismo da realidade. Há pessoas que ainda não perceberam que o que é hoje milionário, amanhã pode ser um pedinte que estende a mão à caridade dos outros. E quantas vezes recebe um não, a quem antes matara a fome.
Há pessoas que ainda não perceberam que a hora da vitória não é hora para rebaixar os vencidos, não enjeitando nunca repetir a história do coice do burro no leão moribundo. Há pessoas que ainda não perceberam que tudo na vida é efémero, e a glória de um dia pode ser a desgraça de uma vida.


Há pessoas que ainda não perceberam que saber esperar é uma virtude, e que a gestão da vitória ensina a gerir e aceitar a derrota. Há pessoas que ainda não perceberam que só os cabotinos e os parvos é que adoram gozar momentaneamente as pessoas de mérito e de bem.


Há pessoas que ainda não perceberam que a arrogância não ajuda na hora da desgraça. Há pessoas que ainda não perceberam que é fácil ser arrogante na hora da vitória; e que é na hora da desgraça que se conhece a grandeza de ânimo e de carácter de um homem.
Os arrogantes têm, normalmente, falta de carácter. A arrogância é, na maior parte das vezes, sinónimo de incompetência. Infelizmente, nos tempos de hoje, a falta de carácter abunda e o número de incompetentes não pára de aumentar.