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O futebol português não precisa de promessas. Precisa de coragem. De visão. De estabilidade. Reinaldo Teixeira foi eleito presidente da Liga Portugal. E com ele chega não apenas um novo rosto — chega um novo tempo.
Sucede a Pedro Proença num momento sensível para o futebol profissional em Portugal. Um momento em que o país exige mais do que uma gestão de bastidores. Exige liderança com estratégia. Exige consensos com consequência. Exige quem não tenha medo de mexer nas placas tectónicas do sistema — como a centralização dos direitos televisivos, o tema que definirá a próxima década do futebol nacional.
A presidência de Pedro Proença marcou um ciclo de crescimento e profissionalização na Liga, pelo que o legado deixado é exigente. A fasquia está elevada, mas Reinaldo Teixeira sabe ao que vem. Não é novo nisto. Está mais do que habituado aos grandes desafios. Conhece os corredores, as dúvidas, os desafios. Foi delegado, coordenador de delegados, e construiu reputação onde mais importa: no terreno.
Gestor executivo de sucesso, Reinaldo Teixeira é uma figura respeitada pela sua integridade e competência. E é por isso que esta eleição é mais do que uma escolha institucional. É uma afirmação de um território: o Sul. Pela primeira vez em décadas, a liderança da Liga vem de fora dos eixos de poder habituais. Um sinal claro de que o futebol português está pronto para ouvir outras vozes, outras geografias, outras formas de fazer.
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Mais do que um dirigente, Reinaldo Teixeira é o homem ideal para procurar consensos. Não veste camisolas — a não ser a da defesa intransigente daquilo em que acredita. Se tem clubes do coração como qualquer cidadão? Provavelmente sim. Mas num tempo em que o ruído se sobrepõe frequentemente à razão, isso é cada vez mais irrelevante.
O que importa é que Reinaldo Teixeira defende, com clareza, a necessidade urgente de fortalecer a indústria do futebol e tornar as ligas profissionais mais competitivas, sustentáveis e atrativas — não só para os adeptos, mas também para investidores, patrocinadores e o mercado global.
Há, no entanto, um trunfo adicional em cima da mesa. A presidência de Pedro Proença na Federação Portuguesa de Futebol abre a porta a algo que o futebol nacional há muito precisa: normalização. Cooperação. Visão partilhada. A possibilidade de normalização das relações institucionais entre a Liga Portugal e a FPF, inaugura uma nova era de entendimento e colaboração entre as duas entidades que gerem o futebol nacional.
As condições estão reunidas. O jogo mudou. A Liga tem um novo líder. Agora começa o campeonato mais difícil de todos: o da credibilidade.
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