Reflexo do reflexo

Sim, em Moreira de Cónegos, voltei a ver «o reflexo de 40 anos de Pinto da Costa»...

EM Moreira de Cónegos, continuei a ver sinais do (lacrimejante) remoque que Frederico Varandas largou no final do FC Porto-Sporting:
- O que vimos aqui é reflexo dos últimos 40 anos de Pinto da Costa…
Aliás vi-o em mais do que apenas 40 anos - vendo-o (sobretudo) no Sérgio Conceição a marcar o destino do FC Porto com o espírito que Pinto da Costa lhe deu (há mais de 40 anos.) através de José Maria Pedroto. Sim, podia falar desse espírito de Pedroto no Conceição a partir de vários prismas - mas há um que me parece fulcral: amiúde, aparece-me Alcino Pedrosa (o historiador que mais sabe de Pedroto - para além das aparências, dos estados de alma  ou das espumas da história) a lembrar-me que Pedroto foi o treinador que foi (genial e revolucionário) por ter aprendido o que aprendeu com Cândido de Oliveira: que a construção de uma equipa é, antes de mais, um processo de criação (humana) e que, por isso, lho revelara, filosófico, certo dia:
- Onze jogadores por si só não fazem uma equipa como também uma rocha não faz uma obra acabada. É necessário trabalho de desbaste que vai dando forma à massa informe. E é na ligação das partes ao todo que se consubstancia a alma e se assimila a ideia de jogo.
Levado por esse espírito de Pedroto, Conceição criou uma ideia de jogo que não mais largou - fazendo com que os seus jogadores tenham sempre a baliza entre os olhos (e fazendo com que a parte mais importante do campo seja a proximidade da baliza que os seus jogadores nunca deixam de ter entre os olhos). E, descobrindo (no espírito de Pedroto) que  no futebol mais importante do que explanar-se uma ideia (a sua boa ideia de jogo) é transmitir-se uma emoção (a sua acirrada emoção de poder) - Sérgio e os seus jogadores vão sendo (de facto)
- ... o reflexo de Pinto da Costa há 40 anos (que, aliás, são mais do que 40)
e  assim vão ganhando como ganharam em Moreira de Cónegos - com a mácula a subir apenas aos olhos dos idiotas da subjetividade do Nélson Rodrigues...