Reflectir no ‘break’
Observar e analisar um jogo de futebol, como uma partida doutra modalidade colectiva, tem especificidades muito próprias. Quando, por exemplo, se pretende comparar a abordagem no futebol, no futsal ou no futebol de praia, parte-se de uma premissa errada. Todos são futebol. Contudo, a especialização obriga a métodos de preparação diferenciados, como para voleibol, basquetebol, andebol, râguebi, etc... Digo isto porque a tendência para uniformizar análises não é, a meu ver, o caminho para a melhoria da qualidade do jogo e até para a informação que chega aos adeptos. Este é um objectivo comum, ajudar a que as equipas tenham mais e melhor informação, mas também com a qualidade necessária para poderem evoluir.
As ferramentas têm surgido a um nível vertiginoso, as opões são tantas, e tão variadas, que muitos esquecem o mais importante, e fundamental, a natureza humana do jogo. São homens e mulheres, rapazes e raparigas, que jogam, que correm e rematam. O jogo nunca deixará de ser assim. Temos de aproveitar as novas ferramentas para melhorar a nossa prestação, mas nunca permitirmos que a decisão deixe de ser nossa.
Também fora das quatro linhas esta questão se levanta. A oferta é cada vez maior, as solicitações não findam. Mas o jogo tem de ser para o público. Nós jogamos para as pessoas. Para todos. Os que têm mais recursos e os que vivem no limiar da pobreza. Jogamos para mulheres, homens e crianças. Temos de ser um exemplo fora e dentro de campo.
Nesta época natalícia, de break nas competições, podemos reflectir sobre todos os comportamentos neste fenómeno social, o de maior dimensão global, que é o futebol.
A análise não deve ser feita só ao jogo, à nossa equipa e ao adversário, mas também ao que se passa em redor. Este é um trabalho interessante para podermos perceber como chegámos aqui, e decisivo para alterarmos um caminho que queremos competitivo, mas leal, solidário e cada vez de maior qualidade.