Real Madriz
1. Quero muito o regresso do futebol, não acredito nada no regresso do futebol. Não é contradição, é realismo. Como disse um famoso virologista esta semana. «O futebol é o problema secundário mais importante do mundo.»
2. Mesmo à porta fechada, a organização de um jogo envolve no mínimo 100 pessoas (os alemães estimam mais de 200). E no campo andam 22 jogadores em permanente contacto. Fazem testes, ok, mas quantas vezes tem acontecido alguém com sintomas dar negativo num dia para dar positivo no outro? Ou seja, já tinha o vírus mas não acusou. E no entretanto...
3. Quando um jogador for infetado (vai acontecer), toda a equipa terá de ficar em quarentena porque contactou com ele. O campeonato segue? Um infetado não é um azarado lesionado.
4. Como vão os jogadores festejar golos com gente a sofrer e a morrer em todo o mundo? E quando houver campeões, haverá polícias suficientes para evitar as celebrações nas ruas?
5. O futebol já tem as mãos sujas de sangue pelas bombas biológicas em jogos da Champions e insiste em ser lanterna quando não há luz ao fundo do túnel. Algo vai mal quando acabar um campeonato parece tão importante como descobrir uma vacina.
6. Disse um dia o treinador Javier Aguirre: «Os três avançados estavam com cara de cu no banco, por isso meti-os a jogar.» A UEFA não pode meter os clubes a jogar porque estão com cara de cu por não receber o dinheiro da TV.
7. Continua a discutir-se em França a realização do Tour à porta fechada, ou seja, sem público. Mais insólito só mesmo um Tour sem doping.
8. Ponto alto do último fim de semana: a polémica no Juventus de Manágua-Real Madriz (é mesmo assim), na Nicarágua. Quem não tem bife do lombo caça com pastilha elástica.
9. No momento em que escrevo não há jogos da Liga em Portugal há 1 mês, 5 dias, 12 horas, 55 minutos e 47 segundos. Mas quem está a contar?