Que tal aprender com os melhores?
Métodos como o de Monchi mostram-nos o tempo que o nosso futebol leva de atraso
M ONCHI, um dos melhores diretores desportivos da atualidade, tem um método simples. O departamento de prospeção trabalha de janeiro a dezembro e acompanha o máximo de competições do início ao fim. A informação recolhida, que vai desde anotações individuais ao enquadramento tático e social - nunca desprezando o lado psicológico, bem como o contexto familiar, do clube e do próprio país - é cruzada por vários analistas e servirá para elaborar um ranking dos melhores jogadores por posição. Quando o treinador determina o perfil dos reforços que pretende (e nunca os nomes), o diretor desportivo vai à luta, à procura da melhor relação qualidade/preço nas bases de dados que tem ao seu dispor, passando ele próprio depois à observação dos mais bem referenciados.
Ramón Rodríguez Verdejo, o tal Monchi, que gosta de ler jornais generalistas para estar a par de qualquer situação que o possa ajudar numa negociação, lembra sempre que o entrevistam que o mercado não se faz só no verão e que é perigoso esperar por torneios continentais, uma vez que, além de inflacionar futebolistas, o rendimento surge em competições muito particulares e de curta duração. E sublinha ainda que o seu papel não se esgota na transferência, porque é fundamental criar uma ligação emocional entre o jogador e o novo clube. Será essa maior proximidade que fará com que este se sinta confortável para jogar ao melhor nível e até sacrificar-se, se for necessário, pelo novo emblema.
O antigo e banal guarda-redes, que não acredita em más contratações, mas em maus momentos, e não foi feliz na Roma, catapultou para a vitória em quatro Ligas Europa um Sevilha que se tornou também uma das equipas mais competitivas de Espanha. Na vanguarda há mais de uma década, lembra-nos o tempo que o nosso futebol leva de atraso.