Que Militão continue como líder!

OPINIÃO10.01.202205:30

Sérgio Conceição dirá não. Pinto da Costa meditará. Os portistas emocionais dirão não. Os racionais dirão sim. E a dupla Liverpool/Díaz?

DIFICILMENTE um candidato ao título resiste à perda, no mercado de janeiro, de jogadores imprescindíveis. Luis Díaz parece, de momento, imprescindível ao FC Porto. Logo, seguindo esta tese, dificilmente os dragões resistiriam, como candidatos número 1 ao título, à saída do poderoso colombiano. O 7 portista é o maior talento presente no futebol português (e um dos maiores da Europa) e, mesmo com Pepê alinhado para a possível substituição, não parece crível que, a curto prazo, o brasileiro possa atingir o estratosférico nível qualitativo de Díaz. Uma coisa é o FC Porto com ele e outra sem ele. Poderá ser mais fácil colmatar a sua saída no mercado de verão, pois haverá, nessa altura, maiores possibilidades de sustentar novo plano com novas ideias nascidas de novos jogadores. Em janeiro, sim, parece complicado que, sem Díaz, o altíssimo nível qualitativo do FC Porto se mantenha.

HÁ, porém, o outro lado da moeda: money, dinero, geld, soldi, l’argent, dinheiro. E mais de 70 milhões de euros é, de facto, muiiiiiiito dinheiro. Parece impossível Luis Díaz continuar de dragão ao peito se, como parece, o Liverpool estiver na disposição de avançar, já este mês, com 70 milhões de euros para contratar o colombiano. Pode o FC Porto rejeitar? Sim, pois a cláusula de rescisão é de 80 milhões. Pode Díaz rejeitar ir para Liverpool? Claro, pois pode preferir continuar no FC Porto. Porém, não será fácil resistir a ofertas de, por exemplo, 70 milhões de euros. Aliás, não me parece que seja fácil ou difícil. Parece-me impossível. Qualquer clube português, chame-se Benfica, Sporting ou FC Porto, aceitará (de pronto) propostas dessa ordem de grandeza. Ou até um pouco abaixo. É o caso do FC Porto.

HÁ ainda o terceiro lado da possível contratação de Díaz: o Liverpool. Os cinco jogadores mais caros dos reds são Van Dijk (91 milhões de euros), Alisson Becker (67), Nabil Keita (65), Fabinho (47) e Sadio Mané (44). Ou seja, não parece improvável que o Liverpool apresente mesmo uma oferta de 70 milhões, até porque perderá, nesta fase complicada da temporada, os concursos de Sadio Mané (Senegal) e Mohamed Salah (Egito) para o CAN. Deve ou não o FC Porto resistir, caso a proposta de 70 milhões de euros chegue mesmo? Sérgio Conceição dirá não. Pinto da Costa meditará. Os portistas emocionais dirão não. Os racionais dirão sim. Mas, como sempre, quem decidirá será o presidente. Eu, se tivesse voto na matéria, diria não. Porque Luis Díaz é um cracão. Um craque superlativo. Um daqueles que aterram em Portugal apenas de vez em quando.

PORÉM, se há clube português que sabe comprar barato e vender caro, é o FC Porto. Sporting (primeiro) e Benfica (mais tarde) são vistos como clubes formadores e, apesar de o FC Porto ser agora a maior potência formadora em Portugal (Diogo Costa, João Mário, Diogo Leite, Fábio Vieira, Vitinha, Francisco Conceição, Bruno Costa, Gonçalo Borges ou Bernardo Folha), continua a ser visto como aquele que melhor vende os jogadores estrangeiros. Não é em vão que quatro das sete transferências mais elevadas de estrangeiros pertencem aos dragões: Éder Militão para o Real Madrid (70 milhões de euros), James Rodríguez para o Mónaco (45), Hulk para o Zenit (40) e Falcao para o Atlético Madrid (40). As outras no top 7 são Raúl Jiménez do Benfica para o Wolverhampton (41), Ederson do Benfica para o Manchester City (40) e Witsel do Benfica para o Manchester City (40). Ou seja, se o passe de Luis Díaz for mesmo vendido por 70 milhões de euros, será estabelecido novo recorde de um jogador estrangeiro para fora de Portugal. Cairá? Não cairá? Por mi, continuaria Militão como líder.