Que lhes mintam!
O que Roger Schmidt tem a ver com o que os dirigentes querem dos treinadores (ou não...)
Numa das suas crónicas Jorge Valdano conta que ao perguntar a um técnico muito ganhador:
- O que é que querem os dirigentes quando contratam um treinador?
ele lhe respondeu (filosófico):
- Querem que lhes mintam!
Não, não era só que lhes mentissem era também que mentissem aos adeptos, aguçando-lhes sonhos e soltando-lhes ilusões ao invés de lhes falarem de horizontes sombrios ou de destinos perigosos (sobretudo quando se vem de meses anteriores em angústias e alvoroços...)
Não foi, pois, nada disso que aconteceu com Roger Schmidt ao chegar à Luz - e, por isso, tal como se viu (de novo) no Parque dos Príncipes, é que o Benfica está como está sem que mentiras assim se insinuem, sequer). Por isso mas não só, pois também está como está (e a parecer cada vez melhor…) porque Roger Schmidt foi capaz de pôr (num ápice) os seus jogadores a jogarem o jogo (todo o jogo de todos os seus jogos) em sentimento de orgulho e poder, na presunção da sua grandeza, na firmeza do seu caráter - conseguindo-o porque, tal como Valdano também afirmou:
- No futebol, transmitir uma boa emoção é quase sempre mais eficiente do que explanar uma ideia de jogo…
e dando-lhes essa boa ideia de jogo (sem que se lhe fuja a boa emoção) Roger Schmidt dá ainda mais aos seus jogadores no que é um dos segredos para o sucesso que Valdano descobriu:
- Um bom treinador consegue que os seus jogadores acreditem nele, um excelente treinador consegue que os seus jogadores acreditem neles próprios
e não há dia (nem jogo) em que não se perceba que Roger Schmidt é mesmo esse excelente treinador não apenas por pôr os seus jogadores a acreditarem mais neles mesmos - mas ainda mais por construir, assim, uma equipa capaz de lhes caber na cabeça cheia de sonho e de fazer com que eles (os jogadores) a levem (à equipa) ainda mais além - e ainda mais além do que a boa ideia de jogo...