Quarentena (4)!...

OPINIÃO29.08.202004:00

Como disse, a minha quarentena não ficaria completa se não fizesse os agradecimentos que são devidos às pessoas que acreditaram em mim e me ajudaram muito nestes 40 anos. Além de ingratidão, seria uma presunção da minha parte pensar que o meu currículo no campo desportivo teria sido construído apenas por mim sem a ajuda de ninguém! O pouco que fiz não teria sido possível se não houvesse líderes que confiassem em mim e, por outro lado, companheiros que me ajudaram nos projectos em que participei.


Comecemos pelo Sporting e, obviamente, o primeiro agradecimento não pode deixar de ser para João Rocha, de quem tenho cada vez mais saudades. Foi ele quem me desviou de uma possível carreira política para o cargo de vice-presidente do Sporting que, como disse o meu pai, era melhor que ser ministro. João Rocha, até falecer, não se cansou de relembrar a mim, e não só, esta ideia do meu Pai!
E nesta primeira Direcção em que participei não me posso esquecer, entre outros, de dois dirigentes de grande dedicação ao Sporting e que então me marcaram - Fiel Farinha e João Xara Brasil! Aquele, já falecido, para que nada faltasse às modalidades, gastava o que tinha e o que não tinha, na sua casa e na sua empresa. Como mudaram os tempos!... Xara Brasil, que acompanhou sempre João Rocha e por isso foram grandes amigos até ao fim da vida deste. Foi Director do Jornal durante vários anos, está vivo felizmente e tenho por ele uma grande amizade que se funda essencialmente no enorme respeito que tenho por ele. É hoje o único elemento vivo dessa primeira direção em que participei. Obrigado João!


Não posso esquecer o Dr. Sousa Marques, meu amigo e vizinho e com quem aprendi muitas coisas do futebol, tal como aprendi com Alexandre Baptista e Octávio Barrosa, ambos vice-presidentes da segunda direção em que participei (1984/1986). Foi aliás este último que sugeriu que eu ficasse com a área das relações institucionais, coadjuvando o presidente João Rocha!


João Amado de Freitas foi o último presidente com quem trabalhei enquanto vice-presidente: com a área das relações institucionais e, na parte final do mandato, como responsável pelo departamento de futebol, em substituição do Coronel Ferreira Canais, um dos maiores dirigentes que conheci, conhecedor de futebol como poucos e um amigo com que fiquei para a vida e por quem muito chorei na hora da sua morte. Um homem modesto, com muito humor e com um carácter, como homem, difícil de bater. O diretor dele era o Joaquim Oliveira Duarte, que mantive, e que hoje também faz parte dos grandes amigos que ganhei no SCP! E não posso deixar de agradecer também ao Aurélio Pereira, outra das minhas referências, e que muito me ensinou. Outro amigo para a vida!


Esta direção do Sporting cumpriu o seu mandato sem uma única deserção, o que julgo inédito na história do clube, pesem as grandes dificuldades que teve de enfrentar! Quando terminou o seu mandato continuou a reunir num jantar semanal, até que o José Dias nos deixou por ter falecido. João Amado de Freitas, Canais e José Dias já faleceram, mas essa direção ainda tem quorum, porque eu, o Paulo Abreu, o Rogério Beatriz e o Júlio Rendeiro ainda estamos vivos. E quero destacar também outros elementos ligados à direção: Mário Casquilho, Cunha Bispo (já falecido) e Vitor Resende! Obrigado a todos pelo muito que me ensinaram e ajudaram. Também ficaram amigos para a vida!


Não fui exaustivo, porque me podia esquecer de alguém e o espaço também não permitiria. Conheci, ao longo destes anos no Sporting diretores e seccionistas do melhor que se pode imaginar, em termos de competência, dedicação, esforço e devoção. Homens de grande carácter, que me orgulho ter conhecido e trabalhado com eles. Quem os conheceu percebe por que digo que o meu tempo acabou, e só não acabou totalmente porque alguns deles continuam activos através dos anos. Acho que sempre fui e serei amigo deles, porque lhes estou grato pelo que deram e continuam a dar ao nosso Sporting!
Apenas alguns exemplos mais: Gilberto Borges, José Manuel Torcato e Manolo Vidal (este já falecido) e o dr. Fernando Ferreira, grandes amigos também!


Uma palavra também para o dr. José Roquette, de quem fui assessor na SAD, e que muitas vezes delegou em mim a representação desta na Liga de Clubes. Obrigado pela confiança e amizade. Da minha parte tem a minha estima e consideração pessoal!


Mas o Sporting também me proporcionou conhecer os Presidentes de outros clubes, no célebre Movimento dos Presidentes, na Associação e Confederação de Clubes e finalmente na Liga. Presidentes, com qualidades e defeitos, como qualquer ser humano, mas que tinham a preocupação de servir os clubes e não se servirem deles.


Começo pelo presidente do SLB, Fernando Martins - um senhor - sempre disponível para consensos e para que todos se dessem bem. Grande amigo e que me deixou muita saudade. Também me honrava com o convite para os seus aniversários, que vivia intensamente. Deixou-me muitas saudades! Continuo com Fernando Pedrosa, a quem me liga uma grande amizade e que posso hoje dizer que o conto entre os meus grandes amigos. Outro senhor, que vive um momento de grande sofrimento, atento o que aconteceu ao seu Vitória de Setúbal! Estou solidário com a sua dor, mas estou certo que não acaba aqui a história de um clube em que ele foi um dos protagonistas mais importantes!


Jorge Nuno Pinto da Costa, que tem quase tantos anos de Presidente do FC Porto, como eu tenho de ligação ao dirigismo. Não caiu de pára - quedas como presidente, antes diretor, em várias modalidades. Por isso ganha. E mesmo correndo o risco de ser criticado, não deixarei de expressar algo que aprecio bastante nele: a defesa intransigente dos superiores interesses do F.C.Porto, goste-se ou não da forma e dos meios! Associo a este agradecimento José Guilherme Aguiar, dirigente do meu tempo e companheiro nos pioneiros programas de comentário televisivo a três!


E deixem-me enunciar outros presidentes, falecidos e vivos, que me orgulho ter conhecido e convivido. Estes, quero ver, neste ano especial para mim, se os consigo reunir. Jorge Anjinho (já falecido) da Académica e o então Vice-Presidente Castanheira Neves; Mário Rosa Freire, do Belenenses; Pimenta Machado do Vitória de Guimarães; Valentim Loureiro, do Boavista;


Manuel João do Portimonense; Fernando Barata do Farense; José Maria Pinho do Rio Ave; Lídio Marques do Varzim; Mesquita Machado do Sporting de Braga. Se me esqueci de alguém, peço desculpa. Mas a todos agradeço o muito que me ensinaram, o convívio que me proporcionaram. E o muito que fizeram pelo futebol nacional, e as conquistas junto do Governo, que ao tempo foram decisivas! Quem não se lembra de algumas reuniões em casa do João Rocha à volta da famosa paelha por este confeccionada!


Mal ficaria se não terminasse com um agradecimento a tantos jornalistas desta casa e de outras que também viveram nesse tempo. Muito aprendi e muito convivi com grandes jornalistas, numa sã relação em que todos sabiam - não era preciso chamar a atenção - o que era o off record: Alfredo Farinha, Vitor Santos, Artur Agostinho, Aurélio Márcio, Neves de Sousa, Homero Serpa, Cruz dos Santos, Carlos Pinhão (todos falecidos) José Manuel Freitas, Vitor Serpa, José Manuel Delgado, Rui Santos e tantos outros, que me desculpem não mencionar, apesar de fazerem parte da minha memória agradecida! As viagens e as digressões ao estrangeiro foram momentos inesquecíveis ao longo destes anos e agora, segundo me parecem, não se repetem!


Todas as pessoas que mencionei, e muitas outras, percebem por que digo que o meu tempo acabou. Porque o digo com humildade e sem azedume. Porque o digo com muita saudade - o futebol nunca mais será vivido da mesma maneira!