Procissão de Jesus saiu do adro a ganhar

OPINIÃO09.08.202107:00

O perigo de balcanização imediata da vida do Benfica está mais longe. A equipa de Jorge Jesus ajudou Rui Costa a ganhar tempo e espaço

NINGUÉM terá dúvidas de que, perante o anúncio oficial de que haverá eleições antecipadas no Benfica até ao fim de 2021 (último fim de semana de outubro é a data mais provável), as movimentações no interior do clube assumam ritmos frenéticos, com cada protocandidato à procura de apoios e alianças. Tudo indica que as primeiras eleições do Benfica no século XXI sem Luís Filipe Vieira no boletim de voto venham a ser disputadas por múltiplos candidatos, o que fará aumentar a efervescência social à medida que a hora de ir às urnas se aproxime.  Porém, de uma maneira geral, o benfiquismo tem correspondido ao pedido de Rui Costa, que lembrou os adeptos e sócios do momento delicado que o clube vivia, especialmente na constância do empréstimo obrigacionista e na preparação da nova época. O primeiro objetivo de juntar 35 milhões, essencial para a estabilidade do clube, foi alcançado sem mais sobressaltos, e o segundo também tem sido levado por diante, sem sobressaltos de maior. É evidente que os triunfos em Moscovo e Moreira de Cónegos foram elementos pacificadores, e não é antecipável que amanhã, na receção à equipa de Rui Vitória, haja espaço para manifestações para lá do âmbito desportivo. Para já, o perigo de balcanização que chegou a ser colocado sobre a mesa, parece, se não afastado, pelo menos adiado, para depois da decisão sobre a entrada, ou não, na fase de grupos da Liga dos Campeões.
Rui Vitória, treinador do Spartak de Moscovo, antes de jogar com o Benfica afirmou que estava tranquilo porque a pressão estava toda do lado da equipa portuguesa. Duas derrotas caseiras depois (Benfica e Nizhny Novogorod) e uma quantas demissões na estrutura do clube, colocaram o técnico português no fio da navalha. Mais uma vez, o que hoje é verdade, amanhã é mentira…
Ainda na órbita da Champions, e assumindo que as possibilidades do Benfica chegar ao play-off são muito elevadas, é bom não esquecer que o mais do que provável adversário dos encarnados nessa portagem para os milhões, o PSV (venceu o Midtjylland por 3-0 na primeira mão) está em estado de graça e ainda no último sábado atropelou o Ajax por 4-0, conquistando a Supertaça dos Países Baixos. Na probabilíssima reedição da final de Estugarda, em 1998, prognósticos só no fim do segundo jogo.
 

ÁS — JOSÉ MANUEL CONSTANTINO

À lucidez do presidente do Comité Olímpico de Portugal deve juntar-se uma coragem que o fez ser protagonista principal da contestação ao Governo, que apagou o desporto do mapa durante a pandemia. Na hora das medalhas em Tóquio, louvados os atletas, é justo um obrigado a José Manuel  Constantino.
 

ÁS — JORGE JESUS

O Benfica apresentou-se em ótimo plano em Moscovo e está com pé e meio no play-off da Champions. Na estreia da Liga, JJ mudou meia equipa e conseguiu os três pontos. O futebol encarnado, para já, deu contributo precioso à pacificação de um clube que está na antecâmara de grandes decisões.
 

DUQUE — Nelson Évora

De um ídolo espera-se sempre o melhor, e quando se verifica que, num dado momento, não esteve à altura das circunstâncias, custa muito. O que Nelson Évora fez por Portugal, ao longos dos anos, está escrito a ouro na história do nosso desporto. Dispensava-se, contudo, a nota de rodapé final, em Tóquio.