Plata... da casa!...
Ainda hoje recordo, com orgulho, mas também com alguma melancolia, aquela fotografia dos dez jogadores do Sporting que foram formados no Sporting e faziam parte da seleção nacional que se sagrou campeã europeia em 2016! E ainda havia o Eric Dier da seleção inglesa!
Orgulho pelo elevado apreço em que tenho a formação do Sporting e aqueles campeões, mas também uma tristeza profunda e duradoura de não terem beneficiado o Sporting em termos de rendimento desportivo e financeiro. Não vale a pena chorar sobre o leite derramado por responsabilidade de nós todos. Importa sim olhar para o futuro e encontrar maneira de sustentar financeiramente uma maior permanência dos nossos jovens da formação na equipa principal e, caso não seja possível mantê-los em beneficio próprio, saibamos gerir convenientemente a venda desses activos.
Esta minha reflexão resulta obviamente do facto de que me dá cada vez mais satisfação ver a actual equipa principal de Sporting jogar, resultado de uma mescla de jovens e menos jovens. Há ali talento que dá gosto acarinhar. E deve haver paciência da nossa parte para ver o seu crescimento gradual e sustentado, sem pressões de qualquer ordem porque não é deles a culpa de há quase vinte anos não se ganhar o título nacional. A culpa é nossa, não é deles!
O que vi no dia do nosso 114.º aniversário foi a certeza que, no futebol (e noutras modalidades), temos gente para comemorar muitos mais anos. E não posso deixar de felicitar quem teve a brilhante ideia de colocar nas suas camisolas as nossas velhas glórias, símbolos da nossa história brilhante! Duplos parabéns: para nós todos que comemoramos mais um aniversário, mas também para quem teve a brilhante ideia, repito, de mostrar a estes jovens quem já vestiu gloriosamente a camisola verde e branca, que aliás me pareceu bastante bonita e bem conseguida. Assim, se ensina a história!
Desde que se iniciou esta fase pandémica da Liga Nos, ao analisar os jogos do Sporting e as suas individualidades, constatamos que não há ninguém que jogue mal. Sabem o que é eu costumo pensar agora quando estou a ver os jogos do Sporting, com alguma melancolia? O que seria esta equipa capitaneada dentro e fora de campo pelo Bruno Fernandes? O que seriam os miúdos com um Bruno Fernandes no meio deles?
Finalmente - e os últimos são os primeiros - não posso deixar de louvar, mais uma vez, Rúben Amorim, que vejo como principal responsável do bom do que se está a passar! E, se vejo com muita satisfação a sua actuação técnica e a sua visão táctica, devo dizer que, sobretudo, gosto imenso do seu discurso, simples, distendido, lúcido e pragmático nas suas conferências de imprensa. Não é trombudo, agressivo, e fala sempre com um sorriso sobre o futebol da sua equipa, porque realmente ganhar ou perder não é o fim do mundo.
E acho muito bem que assuma a verdade de que não é de um dia para o outro que se constrói uma equipa, em todas as suas vertentes. Ele apontou - e bem - o caso do Liverpool. Curiosamente, por acaso, ele faz-me lembrar Jürgen Klopp! Só quero dar uma sugestão ao Rúben Amorim, que penso que até será desnecessária: quando se perder um jogo - e um dia vamos perder - mantenha o seu discurso e esse sorriso, próprio de um homem inteligente. Só reforçará a sua credibilidade!
Estou com grande esperança em Rúben Amorim e na Plata... da casa!...