Pensar verde e branco (XI)

OPINIÃO23.01.202114:55

Repito, penso que finalmente foi contratado um treinador com um projecto bem definido, que não cai ao primeiro contratempo

N O meu último artigo, em que, se calhar, contra a vontade de alguns, falei de futebol e do futebol, sem me preocupar com alguns catedráticos da bola que julgam que só eles é que podem falar, porque frequentaram e frequentam o balneário. Isto é realmente de uma pobreza mental, perante uma modalidade desportiva que só é complicada porque alguns a complicam com aquilo que não tem a ver, nem com a modalidade, nem com desporto.
E falar de futebol ou do futebol, de uma forma simples e acessível a qualquer ser humano, é o que faz Rúben Amorim e por isso foi ele o meu foco nesse mesmo artigo. Curioso que ontem, na conferência de imprensa de antevisão do jogo de logo à noite, fizeram um paralelo com o manager Alex Ferguson do Manchester United. E curioso por que aquele Sir do futebol inglês esteve não sei quantos anos ao serviço daquele clube inglês que é o que eu penso - e escrevi - sobre a relação entre Rúben Amorim e o Sporting!
Falei num contrato para os próximos dez anos e, apesar do empate com o Rio Ave, não modifiquei nem o artigo nem o meu pensamento porque, repito, penso que finalmente foi contratado um treinador com um projecto bem definido, que não cai ao primeiro contratempo, muito menos a uma derrota. Quando se acredita num projecto, certas contrariedades podem merecer algum ajustamento, mas nunca a desistência! E as reacções de certos opinadores e comentadores ao trabalho de Rúben Amorim são a clara demonstração de que o seu trabalho está a meter medo a muito boa (e má) gente!
Por isso, quando hoje volto a pensar (e escrever) a verde e branco, volto a focar-me em Rúben Amorim. E porquê? Porque independentemente de serem atribuídas preferências do Rúben por outro clube, designadamente o nosso rival - o que a mim pouco me interessa - o que é importante é que ele pensa o presente e o futuro do Sporting a verde e branco. Ao contrário de outros que dizem ter o coração verde, mas agem e pensam de acordo com os seus interesses pessoais, Amorim pode ter um coração de outra cor, mas tem um cérebro dirigido para um objectivo que serve os superiores interesses do clube, competindo-nos a nós, sócios, adeptos e simpatizantes, fazer-lhe um transplante de um coração verde!
E ontem, após ler este jornal, e as possíveis investidas a alguns dos meninos e homens comandados por Rúben Amorim, resolvi atrever-me a pedir que não se ceda facilmente a essas investidas. Refiro-me a Palhinha e Jovane Cabral.
Tenho um especial apreço por Palhinha, que não conheço pessoalmente (mas quero conhecer) porque tanto quanto sei o seu avô foi meu colega no Liceu Camões. Para além disso, sempre o achei um excelente jogador e sempre lamentei as poucas oportunidades que lhe deram, ao contrário de Rúben Amorim que acreditou e aproveitou as suas inegáveis qualidades, tornando-o, na opinião dos entendidos, no melhor jogador na sua posição e já a espreitar a Selecção Nacional. Por favor, resistam às tentações imediatas em nome de um objectivo maior!
Outro jogador que eu (como muita mais gente leonina) gostaríamos de conservar é Jovane Cabral. Não apenas porque marcou dois golos ao FCP - alguns marcaram muitos golos num só jogo e por aí se ficaram - mas porque é, como disse há dias Paulo Futre, um craque que ainda tem muito para dar ao Sporting, seja em termos de rendimento desportivo, seja em termos financeiros, porque esta não será a altura certa.
A questão de Pedro Marques é outra. No meu modesto entendimento, devem-lhe ser dadas condições para jogar num patamar mais elevado. Emprestado a um clube da Liga NOS ou continuar a jogar na equipa B, num plano mais baixo, mas perto de Amorim, eis a questão. Confio em Rúben Amorim, certo que fará dele mais um grande jogador! Qualidade não lhe falta!
Finalmente, quero fazer referência à equipa técnica de Rúben Amorim, designadamente ao único elemento que conheço pessoalmente - o treinador de guarda-redes, Jorge Vital. Foi meu jogador no tempo em que estive por perto da equipa profissional e depois, enquanto vice-presidente, chefiei o departamento de futebol! Jogador de grande carácter e dedicação, sempre tive por ele uma grande admiração. Guarda-redes fantástico, apesar da sua altura. Com mais uns centímetros teria sido um guarda-redes extraordinário. Dava gosto vê-lo treinar com tanta intensidade. Só de ver eu ficava cansado. Foi com grande satisfação que o vi voltar a Alvalade. Se os guarda-redes treinarem como ele treinava, só têm a ganhar.
Todos os elementos que acabei de mencionar são pessoas que estão a sentir e a pensar no seu trabalho a verde e branco. Todos os que sentem a verde e branco devem pensar neles (e outros) a verde e branco, para que o verde seja a cor do futuro e não apenas a cor da esperança!
 

Paulo Sousa

B ONIEK, uma das maiores estrelas do futebol polaco, é o actual Presidente da Federação Polaca, o que eu desconhecia, mas que me deixa satisfeito, porquanto é cada vez mais frequente vermos os grandes praticantes do futebol no topo dos clubes e das federações. Todos sabem aliás o que eu penso, nesse particular, sobre o Ronaldo. Falo disto porque conforme foi noticiado Boniek convidou para seleccionador polaco outro grande ex-jogador e actual treinador, Paulo Sousa.
Sobre as qualidades tremendas de Paulo Sousa para o futebol nem vale a pena falar porque foi um jogador do top mundial, que eu aliás conheci de muito perto, porque estive ligado à transferência do Benfica para o Sporting e, depois, para a Juventus!
Paulo Sousa tem tido, enquanto treinador, uma carreira discreta, mas que eu considero sólida. Muito de acordo com a sua personalidade enquanto jogador. Estou certo que esta passagem pela selecção polaca - onde lhe desejo enorme sucesso -  vai-lhe permitir mais altos voos.
Por mim, já tenho dito, e vou repetir, acho que ainda vai ser treinador da Juventus!
 

José Júlio Abrantes Serra

N ESTE tempo maldito que não nos permite que nos despeçamos de familiares e amigos que nos deixam, tenho de aproveitar a possibilidade que tenho de comunicar em público para prestar a minha última homenagem aos amigos que partem. Não se trata de ninguém ligado ao futebol, a não ser como adepto, apenas um amigo, irmão de um grande amigo meu, sportinguista fervoroso e interessado, que encontrava quase todas as sextas -feiras, num almoço de amigos (entre os quais Fernando Pedrosa) em Setúbal, num restaurante que, como é óbvio, se chama Verde e Branco, e onde se come peixe do melhor!
O José Júlio, capitão-tenente, foi um militar do MFA, que na madrugada de Abril ocupou a escola de fuzileiros e, mais tarde, o forte de Caxias para libertar os presos políticos.
O seu falecimento, que, de resto, A BOLA noticiou, ensombrou a minha alegria pela vitória do Sporting, que seria motivo de grande satisfação para ele. Embora em nada tenha contribuído para a vitória, dediquei-lhe a mesma. Homem simples e discreto deixa-me uma grande saudade, e aquelas sextas-feiras não serão mais a mesma coisa. Mas estarás sempre presente, José Júlio! Descansa em paz!