Pensar a verde e branco!... (2) 

OPINIÃO28.12.201901:10

Estatutariamente (artigo quinto), o Sporting Clube de Portugal tem como fins a educação física, o fomento e a prática do desporto, tanto na vertente da recreação como na de rendimento, as actividades culturais e quanto, nesse âmbito, possa concorrer para o engrandecimento do desporto e do País.
Estes fins, que, na realidade, têm contribuído de uma forma prática e eloquente para o engrandecimento do desporto e do País - com inúmeros títulos europeus, mundiais e olímpicos - fazem parte do ADN desta instituição como se pode constatar na viagem aos estatutos iniciais: o Sporting Clube de Portugal tem principalmente por fim a educação física dos sócios e dos seus filhos e tutelados por meios de exercícios de ginástica higiénica ao ar livre e poderá igualmente dedicar-se à ginástica aplicada, à esgrima, à equitação, à natação, aos jogos atléticos, aos exercícios de remo e de tiro e a outros destinados ao desenvolvimento e conservação das forças musculares!
É muito curioso verificar, algo que aliás está há muito constatado, que é o nosso ADN ecléctico, mas inicialmente virado para modalidades menos populares! Soubemos, no entanto, e com sucesso, expandir-nos em muitas mais modalidades, e mais populares, designadamente no futebol. Não temos que ter complexo pelo início algo elitista, antes devemos traduzir hoje esse elitismo em competência na gestão e visão ambiciosa do futuro.
Contudo, os desafios de uma tradição ecléctica no desporto confrontam-se hoje com os elevados encargos e custos das equipas de alta competição, sem as correspondentes receitas, nas modalidades que, de amadoras, apenas têm uma linguagem convencional. E, esse desafio não é um desafio qualquer pois o Sporting habituou-se a competir para ganhar.
Nesta matéria, parece-me essencial debater dois temas: a sustentatibilidade financeira de um projecto para a alta competição e de formação dos atletas para o alto rendimento, que não pode ser um projecto qualquer, dadas as responsabilidades criadas ao longo de muitas décadas de inegável sucesso.
Essa sustentabilidade financeira terá de assentar, fundamentalmente, nas receitas do clube, designadamente, na quotização, sponsors próprios e outras verbas próprias da actividade desportiva praticada, nomeadamente quando se trate de uma prestação de serviços (natação, ginástica ou escolas de outras modalidades, incluindo futebol), já que não parece possível, a curto prazo, o clube poder tirar dividendos da SAD. Porém, também em caso algum, qualquer percentagem da quotização pode constituir receita da SAD, isto é, não deve ser transferida para a SAD a esse título, mas apenas para amortização de eventual dívida ou a título de suprimentos.
Principio essencial a manter é o equilíbrio financeiro em cada modalidade, não se vivendo acima das possibilidades. E a criação de equipas de alta competição deve assentar sempre na possibilidade real e segura da auto-sustentação, designadamente, e, se tal for julgado adequado, com a criação de sociedades desportivas.
Por outro lado, indispensável é para sustentar financeira e desportivamente esse projecto, trabalhar na formação de atletas e técnicos. Para tanto, uma academia das modalidades não deve ser apenas um sonho, mas uma meta a atingir a médio prazo.
Assim, sem prejuízo da alta competição, entendo que a política desportiva nas modalidades amadoras deve assentar fundamentalmente na prestação de serviços e na formação. Creio que, só assim, o clube poderá manter o seu eclectismo, entendendo-o aliás numa perspectiva de expansão por todo o território nacional. Ou seja, a marca ecléctica do Sporting deve propagar-se a todo o território nacional, fazendo justiça ao nome de Portugal.
Aproveitando inúmeras instalações desportivas existentes no País, algumas subaproveitadas por falta de condições e preparação para a sua rentabilização, e as dezenas e dezenas de núcleos espalhados por todo o Portugal (e não só), poder-se-ia, através de protocolos com as respectivas autarquias, obter a exploração dessas instalações, servindo os jovens sportinguistas que querem praticar desporto, seja na vertente recreação, seja na vertente do rendimento, captando ainda para o nosso clube cada vez mais jovens e adeptos, e cada vez mais sócios.
Independentemente de a ele voltar, ficam aqui as linhas gerais do meu pensamento a verde e branco sobre as modalidades do clube, que não o futebol, objecto da sociedade anónima desportiva já existente.

Pinheiros.....

Pelo facto de estar preocupado com o Sporting e empenhado numa visão de futuro, não posso deixar passar os actos dos nossos inimigos, que não são os nossos adversários no campo, mas que sempre tudo fazem para nos prejudicar e pôr-nos mais para baixo. Posso ser crítico da gestão, mas jamais pactuarei com os indivíduos que intencionalmente nos prejudiquem, sejam eles quem forem, e independentemente de quem lidera o meu clube. Ter-me-ão sempre à perna!
É verdade que estamos na época de Natal e a árvore característica desta época é o pinheiro. Mas não é a este pinheiro que me refiro!...
Também é costume dizer-se que as equipas de futebol, às vezes, precisam de um pinheiro a ponta-de-lança, isto é, um jogador alto, com pouca ou nenhuma técnica, mas onde a bola bata e vá para a baliza. Também não é deste pinheiro que quero falar.
Também não estou a falar dos pinheiros do pinhal de Leiria nem das lendas a ele associado. Estou a falar do apelido Pinheiro, com o nome próprio João e a quem colocaram um apito na boca e chamam árbitro, particularmente sagaz na ausência do VAR, se bem que o VAR, mesmo sem o apito, também faça das suas e que suas, como no Porto vs Santa Clara!
Aquela expulsão determinada por esse João Pinheiro é verdadeiramente escandalosa, causando indignação ao mais pacífico dos homens, pois atenta - e de que maneira - contra a verdade desportiva. Felizmente que a equipa que ele quis prejudicar, e prejudicou, teve alma e cabeça suficiente para combater aquela «incompetência momentânea», como lhe chamaria Duarte Gomes, mas que eu qualifico de outra forma, bem mais informal!
A propósito, gostaria de fazer uma nota sobre este conceito criado por Duarte Gomes relativamente ao árbitro do Porto vs Santa Clara! Nunca gostei de Duarte Gomes como árbitro, mas actualmente até aprecio os seus comentários, porque os expõe bem e com clareza. E até compreendo esta da «incompetência momentânea» para a distinguir da incompetência permanente, apanágio, por exemplo, de Rui Costa. Porém, como Duarte Gomes tem de compreender, as situações não têm nada a ver com incompetência momentânea ou permanente, porquanto competência significa capacidade ou aptidão para se ser árbitro em todas as situações e não apenas em algumas. Aceito que Duarte Gomes não queira qualificar o erro como eu o qualifico. Não aceito, porém, que procure novos conceitos para justificar os erros grosseiros dos ex-colegas, só porque são ex-colegas. Se não quer corporativamente melindrar ninguém, então o melhor é não fazer comentários, porque lhes retira credibilidade. De resto, acho que, mesmo corporativamente, a crítica os poderia ajudar. Branquear só os compromete ainda mais!...

PS 1 - Subscrevo o artigo de Rui Calafate, designadamente, e com aplauso, no que se refere a Jesualdo Ferreira.

PS 2 - Parabéns para os meus netos Francisco e Maria que ontem comemoraram o seu 1º aniversário. Um ano de vida e, naturalmente, um ano de sócios do Sporting.