Os novos imortais do desporto em 2020

OPINIÃO21.12.202003:00

O ano de 2020 fica na história sobretudo por más razões, associadas à pandemia e à crise económica e social por ela desencadeada. É verdade que foi possível criar, em tempo recorde, uma vacina capaz de nos abrir horizontes de esperança para 2021, mas os danos provocados por estes meses de chumbo, que continuamos a viver serão indeléveis. Com o Covid-19 veio um aumento de mortalidade generalizado, estimando-se que em Portugal haja mais oito mil óbitos do que foi a média dos últimos cinco anos (2015/2019). No desporto, por causas várias, vimos partir, por exemplo, Paulo Gonçalves, o nosso Imperador do Dakar, Nicha Araújo Cabral, pioneiro lusitano na F1, Ângelo Martins, bicampeão europeu pelo Benfica, José Bastos, vencedor da Taça Latina de 1950, Jacques, Bola de Prata pelo FC Porto e Vítor Oliveira, um dos grandes treinadores do futebol português.

No panorama internacional, dos nomes mais sonantes que disseram adeus a este mundo constam Diego Maradona, Kobe Bryant, Paolo Rossi, Rob Resenbrink, Barry Hulshoff, Wim Suurbier, Hans Tilkowski, Alfred Riedl, Michel Hidalgo, Robert Herbin, Gérard Houllier, Luigi Simoni, Radomir Antic, Alejandro Sabella, Jackie Charlton, Nobby Stiles, Ray Clemence, Vasily Kulkov, René Weber, Papa Bouba Diop, Aldo Moser, Ernesto Brambilla e Stirling Moss.

É indisputável que a única coisa que temos por absolutamente certa na vida é a morte, mas isso não diminui a dor de nos separarmos de quem nos marcou e fez parte do imaginário coletivo. Quem não se emocionou com a tragédia de Kobe e da filha, com Maradona, que segundo os argentinos, «tornou a vida dele num Inferno e a nossa num Paraíso», com Hulshoff e Suurbier, que fizeram parte da defesa do Grande Ajax dos anos 70, ou com Paolo Rossi, herói de Sarriá; e Resenbrink, melhor jogador do mundo (para mim) no final da década de 70, Jackie Charlton e Nobby Stiles (marcador de Eusébio pela Inglaterra e Man. United), campeões do Mundo em 1966, Kulkov e René, que espalharam magia nos relvados portugueses, os treinadores franceses Michel Hidalgo, Robert Herbin e Gérald Houllier, e, last but not least, Stirling Moss, vencedor do Grande Prémio de Portugal em F1 nos anos de 1958 e 1959, o primeiro na Boavista, no Porto, e o segundo no circuito de Monsanto, em Lisboa.