O Rúben Amorim que deixa a questão
Extraordinário trabalho de Rúben Amorim. Derrotou os três grandes na mesma época, uma verdadeira afirmação inter pares que já tardava. O jovem técnico convenceu os jogadores e os resultados ajudaram-no. O discurso é sereno e inteligente - bastava aquele «sei que os maus momentos vão chegar» para prová-lo -, o sempre agressivo 3x4x3 consegue camuflar fragilidades na perfeição e é muito provável que termine no pódio. Ficará sempre a pergunta, embora colocada fora de contexto - sem pressão, por exemplo: o que teria sido o SC Braga com Amorim de início?
Um ponto separa FC Porto e Benfica. Margem zero absoluto para os encarnados, depois das derrotas com dragões e SC Braga, e com o flanco esquerdo exposto a algum adversário mais aventureiro. Lage terá perdido a mão e ligado o complicómetro, que só a estratégia dos três pontas de lança e do chuveirinho para a área contraria, de tão simplista e enterrada que estava já pela própria história.
Os da Luz reforçaram-se para a reta final da temporada, mas as aquisições surgem mais como fatores desestabilizadores, mesmo depois da melhor exibição de Julian Weigl desde que chegou - e que mesmo assim não fez esquecer o melhor Florentino - do que verdadeiras mais-valias. Lage terá de reencontrar rapidamente o Benfica mais forte. E o horizonte já esteve menos carregado.
O FC Porto, que ainda não depende de si, sente-se em crescendo e, sobretudo nesta fase, mais forte psicologicamente. Recuperou praticamente toda a desvantagem e arranjou soluções para lesões inoportunas em unidades nucleares como Pepe e Danilo. Em Guimarães, reforçou a candidatura a um título que já pareceu perdido e numa época em que Sérgio Conceição teve de desabafar perante os microfones devido à falta de união no clube. A Liga nunca esteve mais viva.