O real valor de uma vitória
FC Porto terá de ir buscar prova de superação de patamar à próxima ronda
ÉPICA e não ‘normal’, mas sobretudo nunca fora de contexto. Falo da qualificação do FC Porto para os quartos de final da Liga dos Campeões.
Não gosto de tentativas de vitimização, por muito que possam ser viciantes e até se tenham tornado parte da cultura e estratégia de pessoas ou clubes, e entendo a comunicação como arma fundamental, mas não pode assentar em falsos pressupostos. O FC Porto foi brilhante diante da Juventus e todos os órgãos de comunicação gostariam de ter feito questões a Sérgio Conceição em Turim, caso lhes tivesse sido dado a possibilidade e não tivesse havido erro da UEFA e dos italianos. Querer manter o equívoco até hoje ultrapassa os limites dessa vitimização e roça a má-fé. Por muito que ajude ao discurso do ‘nós contra mundo’ como certamente ajudará.
Mais. Dizer que esta Juventus não é a do costume não é desvalorizar o conseguido em Itália. O mérito é todo de equipa técnica e jogadores, como já escrevi n’A BOLA 3D. Só que não há vitórias sem contexto. Se não seriam apenas dois logótipos a lutar um contra o outro.
A abordagem do FC Porto ao compromisso europeu tem sido sempre competentíssima. É o único clube português com dimensão europeia e provavelmente estaria à espera de algo mais, de uma prova de superação de patamar na eliminação dos transalpinos. No entanto, creio que terá de ir buscá-la à próxima ronda. Porque a Juventus vive de facto uma época diferente: apresenta-se entre ciclos, a nível de plantel, tático e até de rumo. Apesar das individualidades, e Conceição não gosta de falar delas.
Infelizmente, a realidade do futebol português ainda é esta. Para ganhar aos melhores é preciso estar-se no máximo e que os outros baixem um pouco. Ou já nos esquecemos do Euro-2016? Parabéns ao FC Porto, mas se não se importam: que venham as meias-finais!