O nível de uns e outros

OPINIÃO31.01.202206:00

Há no Benfica, nesta altura, ideias a mais e poucas convicções. A começar pelo banco

OFC PORTO subiu claramente o nível em relação à época passada. Manteve o pé na tábua na intensidade de jogo desde o início, evitando moralizar e correr atrás dos rivais, enquanto ao mesmo tempo concretizava uma (r)evolução que se reclamava há algum tempo: aumentar o controlo sobre os encontros, com o enquadramento das transições ofensivas num modelo mais próximo do ataque posicional. A mudança foi gradual e alimentada pelos melhores de uma geração criada no Olival, porém assentou ainda em decisões de mercado que provocaram uma rotura com o passado mais próximo. Começa por Taremi, passa por Evanílson, jogador diferente de Marega e até de Toni Martínez, e continua com Vitinha, confortável ao ligar todos os ataques e com criatividade superior a Grujic e a Sérgio Oliveira. Até o trabalhador Eustáquio é um jogador de ligação. O crescimento dos portistas é notório e não há por que não considerar maior favoritismo do Dragão nas competições em que participa.

Por sua vez, Sporting e Benfica não baixaram o nível, o que significa que os leões estão, como estavam, acima das águias, que fracassaram no encurtar de distâncias. Não são só os resultados que o demonstram, é preciso olhar para o que se tem passado em campo nos dérbis (e clássicos). Os homens de Amorim continuam a acreditar totalmente no seu processo, que não abanou com as derrotas, enquanto que os de Veríssimo, que já pouco acreditava nas ideias de Jesus, ainda não estão unha e carne com o novo modelo. É verdade que o mercado não trouxe nenhuma boa notícia ao jovem treinador e o plantel continua desequilibrado como antes – visível nas laterais, onde não se cria largura, no controlo da profundidade e na recuperação da bola e reação à perda –, mas parece que nesta fase há demasiadas ideias e poucas convicções. A começar pelo banco.