O ano do Sérgio
O FC Porto só ganhou o que ganhou (como ganhou...) por ter o treinador que tem
PARA mim, Personalidade do Ano no futebol de Portugal (OK, se Fernando Santos conseguir sair do Catar-2022 com brilharete ao nível do brilharete com que Eusébio saiu do Inglaterra-1966, não) - é Sérgio Conceição. E não apenas por ser ter tornado o primeiro português com duas dobradinhas (nem por ter passado a ser o treinador portista com mais títulos a seguir a Artur Jorge) - é por ter ganho o que ganhou no FC Porto (não o ganhando com ainda maior fulgor simplesmente por ter perdido um jogo em Braga mais por demérito de Hugo Miguel do que por demérito seu - ou dos seus jogadores…)
Sim, o FC Porto só ganhou o que ganhou por ter o treinador que tem - ganhando-o graças à sua aptidão técnica e à sua argúcia tática - e ao modo como, entrando, sagaz, no coração e na cabeça (sobretudo) dos seus jogadores, os tornou melhores do que se imaginava que eles pudessem ser (do Zaidu ao Pepê, do Diogo Costa ao Vitinha, do Taremi ao Evanilson, do Fábio Vieira ao Uribe...)
O FC Porto só ganhou o que ganhou por ter o treinador que tem - ganhando-o, graças à sabedoria com que ele foi construindo a equipa dentro da sua cabeça (mesmo quando se tirou de lá a sua estrela maior, o Luis Díaz...) - com essa equipa (nas várias equipas que se foram vendo) a ser sempre mais do que um somatório de 1 a 11 (ou de um rol de 18 nomes na convocatória), com essa equipa (nas várias equipas que se foram vendo) a ser sempre solidária e comprometida - monumento à ambição rapinante em jogo de espelhos (e nunca de sombras) a refletir a personalidade do treinador.
O FC Porto só ganhou o que ganhou por ter o treinador que tem - ganhando-o porque ele nunca deixou de perceber que jogar bem não é jogar como se se andasse em malabarismos por pistas de circo, é jogar a procurar ter (como teve) a equipa (do treinador aos jogadores) a tomar as decisões mais eficazes em prol do grupo (e não as mais esbeltas) explanando a boa ideia de jogo que nunca se abria à fímbria de uma dúvida anã...