O advogado do diabo Lage

OPINIÃO14.10.201900:50

Em outubro há já uma espécie de campanha contra Bruno Lage. O clássico provocou dúvidas na equipa campeã, a Europa acentuou as de dirigentes e adeptos, e os nomes de Samaris, Cervi e Zivkovic dão tom mais pesado à acusação. Lage não é diferente e carrega os vícios da profissão. Acredita na ideia e no trabalho que a fará vingar. A virtude, que é ao mesmo tempo defeito profissional, leva-o a aceitar termos sem pensar duas vezes, facilitando a vida dos dirigentes, que adoram percorrer caminhos em que nunca sejam responsabilizados.


O espírito crítico faz com que dê sempre o benefício da dúvida ao treinador. O do Benfica terá achado que não precisava de um novo Félix, mas curiosamente defendeu que Vlachodimos beneficiaria de alguém que com ele competisse pela baliza. Se isto continuar a fazer sentido então acreditamos que há capacidade de contratar para Portugal jogadores desta qualidade. Ou então é apenas demasiado fácil fazer saber que Lage não quis.


O plantel está montado apenas para consumo interno e, da última época para cá, perdeu dos melhores a jogar entre linhas como Félix, sofreu com as lesões de Gabriel e Florentino, e passou a sentir mais dificuldades em chegar ao golo, com a pior versão de Seferovic. E há ainda que esperar que a poeira assente. A inexplicável má forma de Samaris parece confirmar que a última época foi exceção e não regra, e Cervi luta muito para proteger Grimaldo, mas não dá profundidade com bola. Já Zivkovic anda há muito a tentar convencer treinadores sem sucesso e talvez já tenha desistido de tentar. Só quem vê os treinos saberá.


Os que já não querem Lage sonharão com Jesus, que até teve plantéis bem mais ricos que o atual, e que ganhou mas também perdeu. Tudo isto, em outubro, é tremendamente precipitado. Uma aberração.