Madrid-Ronaldo em Alvalade

OPINIÃO05.08.202003:00

Volta a Liga dos Campeões com os jogos em falta dos oitavos de final. Na sexta-feira temos  um Juventus-Lyon (0-1) em Turim com os campeões italianos condenados a operar reviravolta. E um Man. City-Real Madrid (2-1) no Ethiad, com os campeões espanhóis obrigados a ganhar marcando pelo menos dois golos. No sábado, em Munique, joga-se o Bayern-Chelsea (3-0) que mais parece uma formalidade para os campeões alemães. Falta o Barcelona-Nápoles (1-1) em Camp Nou, que representa para a equipa catalã o passaporte para a (possível) salvação de uma época medíocre. Não escondo quem gostava de ver, na final 8 de Lisboa, Juventus, Real Madrid, Bayern e Barcelona. Quatro clubes da melhor e mais titulada realeza europeia. Quatro verdadeiros colossos. Lembro que nos outros apurados não se encontra um único campeão europeu: Atlético Madrid, Atalanta, RB Leipzig e Paris Saint-Germain.

Que me desculpem Bernardo Silva e João Cancelo, mas a presença do Real Madrid em Lisboa daria à nossa Champions uma aura e um brilho que o City, naturalmente, não pode dar. Não se ofendam os adeptos da equipa mancuniana. Em termos de Champions, o City é uma inexistência. Como o riquíssimo primo árabe de Paris, anda há sete anos a tentar sem sucesso levantar a orelhuda para dar algum sentido aos mais de mil milhões investidos em jogadores. Confesso: dá-me algum gozo constatar que Catar PSG e Abu Dhabi City se estejam a transformar em eternos candidatos frustrados ao título europeu. O continuado insucesso destes dois clubes financiados por fundos estatais árabes prova, se dúvidas houvesse, que o futebol é uma indústria diferente das outras… onde o arcaboiço financeiro, sendo importante, não é de todo decisivo. Ainda bem. Como se constata pelos exemplos do City e do PSG, ter muitos milhões para comprar os melhores jogadores e os melhores treinadores (violando todas as regras da concorrência saudável) não é suficiente para ganhar a Champions. É preciso algo mais.

Mas o motivo que me leva a torcer pela passagem da Juventus e do Real Madrid é a certeza de que, confirmando-se esse cenário, teríamos no dia 15 em Alvalade o jogo mais mediático do ano: Real Madrid-Juventus!; ou seja, o reencontro do maior clube do Mundo com o maior jogador da sua história - Cristiano Ronaldo -, com este a jogar em casa, não fosse Alvalade o palco onde  assinou, na própria noite da inauguração do estádio (com o Manchester United de Alex Ferguson, a 6 agosto de 2003), a exibição que lhe deu passaporte para a imortalidade. Não consigo imaginar melhor cartaz para a final 8 de Lisboa. De um lado Zinedine Zidane, o único treinador que ganhou três Champions seguidas. Do outro Cristiano, o rei indiscutido desta competição: recordista de títulos (5), de finais (6), de meias-finais (11) e de golos (128). Imagino milhões de realistas com o coração nas mãos. E milhões de juventinos loucos pela desforra - lembre-se que Ronaldo marcou dez golos a Buffon quando jogava no Real. Um recorde de audiências garantido.
(o mais natural é que o City passe, e daí não virá mal nenhum ao mundo porque o futebol de Guardiola é sempre um regalo para a vista; também não ficaria muito admirado se o futebol espesso e confuso de Maurizio Sarri não chegasse para quebrar o Lyon; mas não custa nada imaginar aquilo que seria um cenário de sonho para a Champions de Lisboa)