Luís Castro no clube dos campeões

OPINIÃO22.06.202004:00

O Shakhtar é um clube especial, ou não pertencesse a uma cidade,  Donetsk, onde, em função da situação político-militar da Ucrânia, não pode jogar, treina-se a  700 quilómetros da sua origem, em Kiev, e atua em Kharkiv, a 160 quilómetros de onde se treina. Se traduzirmos os quilómetros que  o Shakhtar viaja por via aérea, atingimos uma cifra não muito longe de uma viagem à Lua.

Mesmo assim conquistou anteontem, com um português ao leme, o quarto título nacional consecutivo, mostrando uma superioridade absoluta sobre os competidores. Mas a dimensão desta equipa não se fica apenas pelo que consegue dentro das fronteiras da Ucrânia. No ranking da UEFA, que leva em conta os últimos cinco anos, o Shakhtar é 18.º, à frente, por exemplo, de FC Porto (19.º) e Benfica (que eliminou recentemente da Liga Europa, 20.º). A leste da Europa, perante o apagão internacional das equipas russas, que cortaram no investimento e aumentaram o número obrigatório de jogadores locais, o Shakhtar é o emblema mais poderoso e, por todas as circunstâncias adjacentes, uma nau de grandes dimensões, muito difícil de manejar.


O homem do leme  no campeão da Ucrânia é português, chama-se Luís Castro, e na primeira ocasião em que manejou uma equipa capaz de ganhar um campeonato, não falhou. Depois de trabalhos muito bem conseguidos (além de ter sido campeão com o FC Porto B) em Chaves, Vila do Conde e Guimarães, Castro não reuniu, mesmo assim, créditos suficientes para chegar ao comando de um dos grandes. Encontrou quem nele acreditasse na Ucrânia e os resultados estão à vista. Talvez, a partir de agora, passe a ser visto, por cá, com outros olhos. Olhos de ver, acrescentaria eu...


ALEX Zanardi, 53, luta pela vida, em coma induzido, num hospital de Sienna, Itália, depois de ter chocado com um camião, quando seguia na sua bicicleta adaptada. A história de vida deste desportista é inspiradora e gerou-se, por todo o lado, uma onda de solidariedade comovedora. Zanardi, ex-piloto de F1 e Kart, sofreu um acidente em 2001 e tiveram de amputar-lhe as pernas. Mudou-se para o Grande Turismo, fixando-se depois  na bicicleta adaptada, e ganhou quatro ouros nos Paralímpicos de Londres e Rio de Janeiro. Campeão eterno!