Leão retoma a passada
Vitória folgada do campeão com Bruno Tabata em destaque e meia-final garantida… contra FC Porto?
Amini-crise de uam derrota do Sporting foi amenizada na noite de ontem em Paços de Ferreira com uma vitória expressiva (4-0) sobre o combativo Leça Futebol Clube, de Luís Pinto que não conseguiu tornar-se a primeira equipa do quarto escalão a atingir uma meia final da Taça de Portugal. Os leões, ao contrário do que sucedera nos Açores, entraram determinados no jogo e resolveram o assunto na primeira meia hora com bonitos golos de Bruno Tabata (bis e bela exibição) e Matheus Nunes. É a décima meia final de Taça do Sporting no séc. XXI (5 triunfos no Jamor), um registo apenas suplantado pelo FC Porto (11 e 7) que, em principio, está mais perto de conseguir hoje a qualificação perante um Vizela diminuído pelo Covid-19.
Única nota negativa no regresso de Rúben Amorim ao banco, a lesão no aquecimento do lateral Pedro Porro (óptimo jogador, mas aparentemente de cristal), que permitiu a Esgaio redimir-se da má exibição frente ao Santa Clara e sair sob uma torrente de aplausos dos adeptos leoninos depois de assistir Tabata no lance do terceiro golo. É claro que o Leça não era o adversário indicado para testar o momento leonino, mas também me pareceram algo precipitadas as criticas e dúvidas que se fizeram ouvir no rescaldo da derrota nos Açores. Uma crise um bocadinho estranha, dado que o paciente ganhou 18 dos últimos 20 jogos.
Se tudo correr pela normalidade, o Sporting jogará então a meia final com o FC Porto em duas mãos (3 março e 21 abril), naquele que poderá ser o sexto confronto de taça entre os dois rivais nos últimos cinco anos - tantos quantos os da era Conceição. O Sporting saiu vencedor em todos esses confrontos - uma final da Taça de Portugal e uma final da Taça da Liga; uma meia final da Taça de Portugal e duas meias-finais da Taça da Liga, quatro vezes no desempate por penáltis. O leão tem sido a besta negra portista no consulado de Sérgio (ganhou-lhe seis títulos em confronto directo, com Jesus, Keizer e Amorim) e esse tabu continua à espera de ser quebrado.
O FCP operou uma reviravolta épica no Estoril muito por força da enorme categoria de Luis Díaz, mas também graças ao espírito competitivo e dimensão atlética que caracterizam a era Conceição. É esse andamento que os portistas têm de manter quando (e se…) chegar a hora de enfrentar o campeão nacional em mais um mata mata de Taça. Quanto aos outros confrontos, veremos se há alguma equipa de escalão inferior (Rio Ave? Mafra?) na meia-final da Taça pela terceira vez consecutiva. Ano passado foi o Estoril, de Bruno Pinheiro, e há dois anos o Académico Viseu, de Rui Borges.
… E VÃO DEZ, MOURINHO
ARoma perdeu em casa com a Juventus (3-4) depois de ter estado a ganhar por 3-1 e no final Mourinho disse dos jogadores romanos aquilo que costumava dizer dos jogadores do Tottenham. Que são «demasiado bonzinhos» e que têm «fraca mentalidade». Está por apurar a «mentalidade» atual de Mourinho, mas imagino que ele se sujeita, um dia destes, a ouvir algo menos agradável dos jogadores (e dos árbitros) que insiste em responsabilizar por tudo aquilo que não corre bem à Roma. Uma coisa é certa: a segunda aventura italiana não está a correr nada bem ao nosso treinador mais titulado depois daquele biénio glorioso com o Inter (2008-2010). No domingo, Mourinho somou a décima (!) derrota da época em apenas 29 jogos, naquilo que é o segundo pior registo da sua carreira depois das dez derrotas nos primeiros 23 jogos da época de 2015/16 com o Chelsea - seria despedido ao jogo 25. Outro detalhe embaraçoso é o facto de a Roma ter perdido os seis clássicos que fez até ao momento: Lazio (f: 2-3), Juventus (f: 0-1; c: 3-4), Milan (c: 1-2; f: 1-3) e Inter (c: 0-3).
É evidente que o plantel da Roma tem limitações quando comparado com o da Juve ou do Inter - e Mourinho sabia disso quando assinou -, mas ainda assim parece-me que a equipa devia jogar mais e competir melhor com aquilo que tem, que não é assim tão pouco. Veremos se as coisas melhoram com a inclusão de Sérgio Oliveira. Era bom para os três. Os anos vão passando e os fãs de José Mourinho, entre os quais me incluo, têm cada vez mais saudades daquele fascinante general napoleónico que subjugou o mundo do futebol entre 2002 e 2012. Quando volta?
DIGA 21 EM MELBOURNE
CASO o governo australiano não adopte novas medidas, o Open da Austrália (em Melbourne, entre 17 e 30 janeiro) vai ter mesmo Novak Djokovic, que defenderá o título perante Nadal, Medveded, Zverev e Tsitsipas, entre outros candidatos. Ausente pelo menos por mais cinco meses (a recuperar da terceira operação em ano e meio) o mítico Roger Federer (40 anos) assistirá pela televisão às tentativas de Djokovic (34) e Nadal (35) de chegarem ao título n.º 21 em torneios do Grand Slam - como sabem, os big three encontram-se empatados a 20. Enquanto esperamos pela hierarquia definitiva no seio da melhor trindade da história do ténis (depois de Laver, Rosewall e Emerson; Borg, Connors e McEnroe; Sampras, Agassi e Edberg), os especialistas sugerem que Novak, até pela idade e pela condição física, está destinado a ficar no topo. É o mais natural. O sérvio é um tenista fabuloso e, mesmo não possuindo a magia inigualável de Federer nem a lendária combatividade de miúra Nadal, já fez o suficiente para poder ser considerado o mais completo dos três. Dia 30, saberemos se um dos dois chegou ao 21.º. Ou se um representante da nova ordem (falta Dominic Thiem, a recuperar de lesão no pulso) voltará a ditar leis. Como Medvedev na final do US Open que fechou o ano passado - arrasou Djokovic em Flushing Meadows, roubando-lhe o Grand Slam mesmo debaixo do nariz…