Keizer voltou a ter razões para sorrir...
Importante, a vitória convincente do Sporting frente ao SC Braga. Depois do abúlico desempenho frente ao Villarreal (que ganhou em Alvalade, pondo fim a dois meses sem triunfos e ontem, tomando-lhe o gosto, derrotou o poderoso Sevilha por 3-0), a que se seguiram as dispensas de Nani e Montero, num cenário que aparentava algum desalento, o jogo com os arsenalistas valia tanto ou mais que uma final. É verdade que o Sporting ficou a quatro pontos do SC Braga, o que é uma desvantagem pesada. Mas ganhar a um adversário direto representou um alento psicológico e ajudou a acalmar várias feridas que começavam a ser demasiado dolorosas.
O Sporting, neste ano zero pós Alcochete, precisa de tanta calma e ponderação quanto possível, mas já se percebeu que a exigência dos adeptos não se compadece com o que acaba por explicar a temporada de 2018/2019 dos leões.
Na próxima sexta-feira, o presidente do Sporting vai fazer um discurso sobre o estado da nação. É importante que sócios e adeptos reflitam bem nas circunstâncias em que o clube se encontra e na melhor forma de recuperar de vários anos de radicalização.
Porque sem estabilidade e sem união nunca estarão reunidas condições para a recuperação desportiva do futebol dos leões. E o mal não é de hoje: nos últimos 45 anos o Sporting ganhou apenas quatro campeonatos...
Quando, na sequência do fim do protocolo com o clube, a Beleneses SAD saiu do Restelo, colocou-se numa posição de risco, pelo desenraizamento subjacente a essa decisão. No Estádio Nacional, a afluência de público foi sempre diminuta, por razões geográficas e não só. Com a passagem para o Bonfim, a situação agudizou-se e na estreia azul em Setúbal verificou-se a pior assistência da história da I Liga: 298 espectadores. Porém, poderia dizer-se que o jogo com o Moreirense tinha sido a uma segunda-feira à noite, o que teria desmobilizado os adeptos. Ontem, ao Belenenses-Marítimo, realizado às três da tarde, assistiram 648 espectadores. Se estes números não forem suficientemente elucidativos da falência da solução encontrada, não sei o que possa ser. Um clube vive dos seus adeptos e para os seus adeptos. São eles o princípio e o fim de tudo. Assim, aquilo a que estamos a assistir só pode ser visto como uma fuga para a frente, sem passado nem futuro.