Jovens, maduros e cada vez melhores

Roger Schmidt diz que António Silva não joga como se tivesse 18 anos, mas será que os jovens ainda são o que esperamos que sejam?

Éaltura de deixar de vez de  parte o dogma do é novinho, ainda tem de comer muita sopa. António Silva tem 18 anos, Enzo, Gonçalo Ramos e Morato 21. Inácio e Ugarte contam com idade semelhante no cartão do cidadão, e Alexandropoulos assume-se com projeto para breve com 20. Já depois da afirmação no FC Porto, Vitinha é, aos 22, titular no PSG, um dos maiores candidatos a vencer a Liga dos Campeões, onde mora ainda Nuno Mendes com 20 e um tal de Zaire-Emery, que já somou, aos 16, dois jogos na Ligue 1. Se podia até ser o contrário no passado, hoje há mais Antónios Silvas a jogar de forma mais madura do que a idade deixa transparecer. Os jovens, fruto da formação profissionalizada nos clubes e da maior experiência adquirida nas seleções, evoluíram mais rapidamente do que a nossa mentalidade. O lançamento deve é ser cuidado: a equipa deve estar consolidada o suficiente para absorvê-los e não expô-los. Os treinadores podem garantir que não é questão de idade, mas de qualidade, porém se olharmos para as decisões a experiência (mesmo com menos talento) é mais vezes o caminho adotado, mesmo quando a juventude costuma ser mais acarinhada (e perdoada) do que um alguém com curta ligação.
 

O benfiquista António Silva é já o central mais completo do grupo encarnado  

AANTÓNIO SILVA é já, depois de uma pré-época em que tirou facilmente do caminho o mais experiente Tomás Araújo na luta pela vaga de caloiro, o central mais completo do grupo encarnado. Só terá eventualmente rival em Lucas Veríssimo. Vai naturalmente cometer erros, porém tem-se mostrado muito competente nos duelos, nos encurtamentos e no controlo da profundidade, e mostra excelente leitura dos movimentos dos companheiros, seja a fechar a direita ou a dobrar Otamendi. Apresenta força no jogo aéreo, tanto em momento defensivo como nas bolas paradas ofensivas, e soma encontro após encontro passes verticais que projetam de imediato os colegas para o ataque. Com Morato parado, Mundial em novembro e tantas lesões no plantel, não há razões para que não aproveite para solidificar ainda mais o estatuto.  
 

TAREMI é um avançado extraordinário, influentíssimo no FC Porto. Curiosamente, nos últimos dias de mercado o iraniano foi associado ao Chelsea. Se os dragões já se dizem surpreendidos com o ruído em torno da simulação na Liga dos Campeões, o que seria em Inglaterra onde a tolerância é bem menor? Basta olhar para o passado. Além disso, parece-me haver tanto uma campanha contra Taremi quanto a construção de uma narrativa, a do nós contra o mundo, sempre catalisadora de motivação-extra entre azuis e brancos. Taremi só tem de respeitar jogo, adversário e  árbitro, e preocupar-se em colocar em campo o que mais tem: talento. 
 

Uma criança teve de assistir de tronco nu a um jogo na Liga. Imbecilidades à parte, sejam bem-vindos ao futebol que protege o espetáculo e que quer recuperar adeptos!