Jorge Jesus, treinador português, conversa com Neymar, avançado brasileiro, durante um treino dos árabes do Al Hilal
Jorge Jesus e Neymar nos tempos de ambos no Al Hilal (D. R.)

Jorge Jesus tinha razão sobre Neymar?

OPINIÃO19.04.202508:00

JAM Sessions é o espaço de opinião semanal de João Almeida Moreira, jornalista e correspondente de A BOLA no Brasil

Era noite de festa: Neymar, com a camisa 100 e não a 10 nas costas, celebrava o 100.º jogo pelo Santos na Vila Belmiro, frente ao Atlético Mineiro, para a quarta jornada do Brasileirão. No ecrã gigante e nas bancadas, clube e adeptos, preparados para o evento, celebraram a marca com um filme especial e cânticos em homenagem ao craque.

No decorrer do jogo, a comemoração continuou: aos 24’ e aos 27’, a equipa treinada interinamente por César Sampaio, dias após a saída do português Pedro Caixinha, já vencia por 2-0, e o atacante, mesmo sem brilhar, contribuía para as jogadas ofensivas do peixe, com 71% de passes certos, uma falta sofrida — ou, pelo menos, assinalada, porque ele e a torcida queixaram-se de mais uma mão cheia delas — e um ou dois apontamentos da sua incrível qualidade.

Mas, a alegre confraternização acabou de repente, como se um curto-circuito deixasse tudo às escuras. Aos 34 minutos, Neymar levou a mão à coxa, fez um esgar de dor, chorou, caiu e saiu. O público, enlutado, calou-se. A equipa, órfã, não marcou mais nenhum golo.

No total, em nove partidas no regresso ao Santos, o internacional brasileiro só completou uma delas e esteve 42 dias ausente dos relvados por culpa da lesão na mesma coxa esquerda de que se ressentiu no 100.º jogo na Vila Belmiro. No Paris Saint-Germain falhara 212 jogos por lesão. Pelo Al-Hilal participara em sete dos 94 jogos do clube saudita no período em que lá esteve, o equivalente a 428 minutos de um total de 8460 possíveis, segundo a plataforma estatística O Gol.

Em janeiro, Jorge Jesus, treinador do clube asiático, disse que Neymar «é um jogador que não deixa dúvidas a ninguém, é de top mundial, mas a verdade é que, fisicamente, não tem conseguido acompanhar a equipa».

No Brasil, logo após os primeiros jogos, lances e rasgos do craque, a sempre apressada imprensa local caiu em cima da avaliação do português. O próprio Ney respondeu à letra: «Obviamente que fiquei muito chateado com as palavras do Jorge Jesus quando ele falou que eu não estava nas mesmas condições da equipa. Nos treinos eu demonstrava que estava, sim, apto a jogar, que eu estava, sim, nas mesmas condições dos outros atletas. Até porque quando fazíamos treino de conjunto, quem decidia era eu, quem fazia os golos era eu.»

Já não se pede a Neymar que em 2026, aos 34 anos, faça no Mundial da América do Norte o que Ronaldo Fenómeno fez, aos 26, no Mundial do Oriente — superar as lesões, decidir a prova, deixar o mundo de boca aberta e escrever um conto de fadas pelo próprio punho (ou pé).

Pede-se apenas que mostre que Jorge Jesus não tinha razão no seu diagnóstico.

Sugestão de vídeo:

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