Jogos de Marte
A referência desportiva na alunagem: e as necessidades desportivos marcianas
J Á nasceu o homem que vai a Marte, dizem os cientistas. Deve ser um bebé, mas anda aí. Esta semana chegou ao planeta a Perseverance, a sonda que promete revolucionar-nos o conhecimento do planeta, procurar vestígios de vida, criar oxigénio, planear viagem tripulada.
Entusiasmei-me com isto - não me é difícil - e fui ver o Apolo 11, o documentário na Netflix, de 2019, de Todd Douglas Miller, que pela riqueza de sons e imagens com mais de 50 anos, e que eu julgava que nem sequer existiam com aquela qualidade, me deixou fascinado.
Há sempre, nisto da humanidade, pequenas referências desportivas que para quem, como eu, procura desporto em tudo, são agradáveis: «Houston, passámos do automático; tivemos de desviar-nos manualmente de uma cratera do tamanho de um campo de futebol», ouve-se o piloto Mike Collins dizer para a Terra, logo depois da alunagem, no referido filme. A febre marciana levou-me a tropeçar em artigos pela Net, entre os quais alguns que perspetivam que desportos podem praticar-se em Marte, em colónias oxigenadas e gravidade induzida. Como se tal tivesse de ser previsto : a necessidade desportiva nos sítios aonde vamos.
Não me surpreende. Há uns anos entrevistei um astronauta da NASA, Daniel Tani, de passagem pela embaixada americana em Lisboa. Conversámos sobre a atividade física na nave, no espaço, simulações, inchaços, desafios para impedir que os músculos mirrassem. O desporto é sempre muito da nossa poesia.
O primeiro homem em Marte, o tal nascido, pensará no que poderá por lá jogar-se, no deserto vermelho, e dirá algo parecido com o que disse Buzz Aldrin na Lua. Não mudarão muito as referências: desporto e sentimento. E não me refiro à frase do «salto para a humanidade», a de Armstrong; prefiro a de Aldrin, sim, mais essencial e humana, mais capaz de descrever o que nos move: «É uma desolação magnífica.»