Hora do leão olhar para dentro
A atual Direção do Sporting tem dois caminhos possíveis: 1 - Continuar a olhar para o passado e a apontar culpados (chamem-se eles Bruno de Carvalho (que deixou em Alvalade, é verdade, um clube feito em cacos, a todos os níveis...) ou Sousa Cintra (que terá, durante o período mais turbulento da vida do emblema leonino, cometido erros cujas consequências terão de ser agora assumidas por Varandas e os seus pares...) para o momento atual; 2 - Esquecer o que ficou para trás, encarar o presente, olhar para dentro, deixar de procurar desculpas e preparar, de forma séria, honesta e ponderada, o futuro do Sporting.
A primeira opção é, reconheçamos, tentadora. Enquanto se fala dos erros dos outros ninguém olha para os nossos. É, até, tipicamente português. Mas encerra dois problemas. Primeiro, não resolve nada. Segundo, os adeptos não são idiotas e sabem que não pode Frederico Varandas, mais de um ano depois de ter sido eleito, continuar a apontar outros como responsáveis de erros que foram, é inegável, cometidos já no seu mandato.
É difícil construir um plantel que consiga competir com Benfica e FC Porto tendo em conta os problemas financeiros herdados pela atual Direção? Sim, é verdade. Era, ainda assim, possível construir um plantel melhor do que aquele que Varandas, ou aqueles que ele encarregou de pensarem a época, construíram? Olhando para este Sporting, que ontem, em Barcelos, se apresentou com um onze composto por jogadores que, se quisermos ser simpáticos, no Gil Vicente seriam apenas mais um, a única resposta só pode, também, ser sim.
Bruno Fernandes falou, no final de derrota humilhante que deixou o Sporting, ao fim de 12 jornadas, a 13 pontos do líder Benfica, sobre falta de agressividade. É, percebe-se, apenas parte de um problema muito mais profundo. Porque, deixemo-nos de meias palavras (seria bom que em Alvalade ouvissem o que disse ontem Vítor Oliveira...), o verdadeiro problema deste leão chama-se falta de qualidade - e, àqueles que nos próximos dias criticarão o capitão leonino por dizer o que disse, deixo apenas um desafio: imaginem que são Bruno Fernandes, olham para o lado e veem o que ele vê.
Pode Frederico Varandas, ou aqueles que ele encarregou de pensarem a época, trocar José Peseiro por Marcel Keizer, Marcel Keizer por Leonel Pontes, Leonel Pontes por Silas ou Silas por qualquer outro. Nenhum treinador terá hipóteses de fazer melhor enquanto a Direção não conseguir resolver aquilo que precisa de ser resolvido. E depressa. Porque se é verdade que mexer no plantel só é possível em janeiro, é capaz de não ser má ideia mudar antes quem tem a responsabilidade de lhe mexer...
FÁBIO VERÍSSIMO continua a querer dar nas vistas. O que não teria de ser necessariamente mau se tentasse fazê-lo da forma certa. Mas não. O árbitro de Leiria teima em fazê-lo, sempre, pelas piores razões. Admite-se até que no relvado lhe tenha parecido que o terceiro golo do Benfica contra o Marítimo tivesse sido marcado na própria baliza por Grolli. Inadmissível é que depois de alertado e de ver as imagens do lance na TV (será que as viu mesmo, apetece perguntar...) tenha optado por manter a sua versão. Primeiro porque é mais do que claro que a bola rematada por Carlos Vinícius ia para a baliza defendida por Amir; segundo porque, mesmo que o árbitro tenha considerado que a intervenção do defesa impediu Amir de a tentar defender, convenhamos, qualquer desvio, mesmo que ligeiro, que traia um guarda-redes (e quantos desses já vimos, em remates de longe ou em livres que tocam na barreira?) teria, a partir de agora, de ser considerado autogolo. Uma teimosia incompreensível mas que pode, talvez, ajudar a explicar a razão por que a carreira de Veríssimo não evolui.