Gratidão e agradecimento
Escrevo num dia diferente de todos os outros, não só por ser a véspera da comemoração da implantação da República, que hoje comemoramos, mas também porque há dias marcantes, todos os anos, que os nossos nunca deixam em claro. As comemorações anuais são importantes para que a memória não seja curta.
Ao longo do tempo, e por vezes sem valorizar a vivência que temos o privilégio de ter com tantas pessoas que tanto nos ensinam, vamos evoluindo no nosso pensamento e percebendo melhor os valores que alguns dos mais velhos nos pretendiam transmitir. Estou grato, e agradecido, a tantos mestres que seria exaustivo enumerá-los. Contudo, hoje, dia em que se comemora a implantação da República, deve ser também um dia de reflexão sobre os valores republicanos, sem esquecer o futebol, que em 1910 dava os primeiros passos para a dimensão social, económica e, atrevo-me a dizer, política, que tem nos nossos dias. Esses valores têm sido esquecidos, ou pouco lembrados, nos tempos mais recentes.
Valorizamos a vitória de hoje sem lembrar quem lutou e criou condições no passado para a tornar possível. Estamos cada vez mais individualistas, acreditando, alguns, que o sucesso se atinge dessa forma. Mas o sucesso de uma competição, sendo importante, nunca é mais importante que os valores da própria equipa.
A correria informativa e comunicacional retira-nos tempo para reflectir, dando por outro lado a possibilidade de estarmos mais perto de tudo e com melhor acesso à informação. Este equilíbrio tem que ser estabelecido, precisamos dos nossos professores como da inovação tecnológica. Ouvir as suas opiniões, valorizar a sua experiência e conhecimento, é fundamental para não perdermos valores essenciais da nossa vida colectiva. As nossas crianças, futuros decisores, precisam muito mais de nós do que da tecnologia. Como nós precisamos dos nossos mestres.