Opinião Fusão Renault-FCA recupera fôlego
Inesperadamente, mudanças na administração da marca francesa (e no mapa da indústria...)
A administração da Renault, de forma inesperada e surpreendente, demitiu Thierry Bolloré, que esteve no cargo de presidente-executivo somente de 24 de janeiro a 11 de outubro. A decisão aconteceu, seguramente não por coincidência na sequência de mudança na liderança da parceira de Aliança, a Nissan, que também tem direção nova, entregue a executivos sem quaisquer ligações ao homem que montou o consórcio, comandando-o até à prisão no Japão, no ano passado, Carlos Ghosn.
Bolloré herdou missão complexa em momento difícil. O brasileiro de nacionalidade francesa e origem libanesa entrou na Renault em 1996 e empreendeu revolução: eliminou milhares de empregos, diminuiu os custos, simplificou os processos de desenvolvimento e produção, acelerou o lançamento de viaturas novas e mais modernos, etc.!
O êxito de empreitada fez com que Ghosn passasse para a Nissan, na bancarrota em 1999, imediatamente após a constituição de Aliança que idealizou. Depois da missão cumprida, estatuto de estrela no Japão e no mundo dos negócios. Em 2010, o consórcio detinha 10% do mercado automóvel mundial e, em 2017, estava no topo da tabela dos construtores, à frente de VW, Toyota e GM…
O resto conhece-se melhor. Depois da prisão, Ghosn deixou a direção de Nissan e Mitsubishi. A Renault, após resistência(s), despediu-o e, inesperamente, encontrou-se semiperdida! Confirma-o esta dispensa de Bolloré, que acontece num momento determinante para fabricante com a União Europeia à perna, obrigando-o a contrarrelógio para redução de consumos e gases de escape.
Carlos Ghosn antecipou o problema precocemente, comprometendo a Aliança com programa para a eletrificação do automóvel – o lançamento do Leaf remonta a 2010! O sucesso comercial da tecnologia depende de democratização dependente de massificação da produção. A Fiat Chrysler Automobiles (FCA) percebeu-o e, em meados do ano, propôs fusão com a marca do losango, mas os problemas da Renault com a Nissan (ou da Nissan com a Renault), travaram o negócio. A mudança de comando elimina obstáculos que impediram o acordo, incluindo do estado francês, que tem participação de 15% no construtor.
Se a FCA precisa de parceiro(s), Nissan e Renault necessitam de parcerias que aumentem, rapidamente, a produção de elétricos e híbridos. Fabricando-se mais automóveis, economias de escala, menos custos de produção. Neste negócio, no plano teórico, nenhum derrotado, apenas vencedores.