Fórmula 1 em Portugal

OPINIÃO07.12.202205:30

Circuito de Portimão, antecipo-o, prepara-se para receber corrida do Mundial pela terceira vez em quatro anos. Muito merecidamente!

Ofutebol, habitualmente, merece-nos (quase) todo o espaço de opinião, por tratar-se de modalidade dominante no panorama desportivo português, mas as regras admitem exceções: hoje, nesta rubrica, inspirando-me nos anos de ligação ao automóvel, acelero!…
 
A hipótese do regresso do Mundial de Fórmula 1 a Portugal na próxima temporada deve orgulhar os adeptos de campeonato que soube reinventar-se e atrair geração nova de adeptos, como ilustram todos os números de 2022, entre audiências televisivas e fãs nos circuitos (todos com bancadas lotadas - neste caso, regra sem exceção!).

Duvidando da dimensão do sucesso da Fórmula 1, depois de temporada com 22 grandes prémios em que o piloto (bi)campeão mundial, Max Verstappen, venceu 15 (!), observe-se bem o calendário de 2023, atualmente sob revisão, após o cancelamento da ronda marcada para Xangai, a 16 de abril, devido à persistência da pandemia da Covid-19 e da política restritivas que a China não abandona. Esta decisão, esperada, abriu caminho à integração de corrida nova, para cumprimento do objetivo de campeonato com número recorde de 24 (mais 6 com o formato de Sprint).

O êxito por trás da expansão que a Covid-19 não travou tem explicação: a colaboração com plataforma de streaming na origem do lançamento, em março de 2019, de série a caminho da temporada 5 acelerou o processo de globalização mediática de desporto no top-5 dos mais populares no mundo, atrás  de críquete, ténis, basquetebol e futebol.
 

Hamilton vencedor em 2020 e 2021 


O impacto da série documental sobre os bastidores da competição, das equipas e dos pilotos percebe-se nos Estados Unidos, que tem 3 grandes prémios no calendário de 2023, em Las Vegas, Miami e Austin! Este ano, em média, 1,21 milhões de telespectadores por corrida - aumento de 28%, na comparação com 2021 -, com máximo de 2,583 milhões na estreia do grande prémio da cidade da Florida no Mundial. Outro facto importantíssimo: Verstappen, Hamilton & Cia. atraem cada vez mais mulheres (representaram 30% das audiências!). Nos circuitos, idem aspas: combinando as 22 corridas deste ano, total de quase 6 milhões de espectadores, com 440.000 em Austin, no Grande Prémio dos Estados Unidos, e outros 400.000 em Silverstone, no da Grã-Bretanha!

Portugal regressou ao mapa da categoria-rainha do desporto auto- móvel em 2020, ano em que a Covid-19 exigiu a procura de alternativas que viabilizassem a realização do Mundial. A corrida manteve-se no mapa em 2021, mas saiu de cena esta época, por não existir dinheiro capaz de mantê-la no calendário. O não à China reabre a porta ao Autódromo Internacional do Algarve. Como adversários de Portimão, circuito na pole position, Istambul (Turquia), Sepang (Malásia) e Paul Ricard (França). Esta reconquista pressupõe investimento importante (25 a 30 milhões de euros), mas estima-se retorno direto e indireto de mais de... 100! 

A decisão do promotor Liberty Media, empresa norte-americana adepta do Algarve, e da Federação Internacional do Automóvel (FIA) espera-se até sexta-feira, no Conselho Mundial marcado para Bolonha, Itália. O órgão com 28 membros (nenhum português) acontece em paralelo com a assembleia-geral anual da instituição com quartel-general em Paris, França, e antes da Gala dos Campeões que con- sagra os vencedores dos diversos campeonatos mundiais organizados este ano.