FCP: o plantel…
Insisto no mais rasgado elogio ao FC Porto campeão, com máximo destaque para o jovem treinador Sérgio Conceição, tão vincadamente o principal obreiro desta proeza. Ainda antes da matemática concretização do título, escrevi: Sérgio, ‘O Mister’!
E sim, proeza - também me repito -, pois, numa lógica de bolsa de apostas para esta temporada, o FC Porto partiu apenas no 3.º lugar, claramente atrás do Sporting (plantel reforçadíssimo com grande investimento financeiro) e mesmo atrás do Benfica (adeus a 4 titulares, plantel dizimado, forte desinvestimento, mas…tetracampeão). FC Porto completando 4 anos sem qualquer êxito desportiva, e com finanças tão exaustas que submetidas a drásticas imposições da UEFA: obrigado a transferir vários jogadores, entre eles dois muito importantes (André Silva e Rúben Neves) e a adquirir tão-só Vaná, para 3.º guarda-redes.
Forte leme de Sérgio Conceição segurou, e transfigurou!, esse FC Porto que ameaçava naufrágio. Hercúlea tarefa incluiu, sendo crucial!, elevar ao topo jogadores regressados de empréstimos… : de Ricardo a Aboubakar, passando por Reyes, Sérgio Oliveira, Marega!
Muitos, e insistentemente, bateram na tecla de o plantel portista ser insuficiente, porque curtinho. Várias vezes rebati essa tese. «Podem ser menos, mas são bons!». E também escrevi, comparando com o Benfica: «Até não são menos, se descontarmos alguns monos na Luz». E houve precioso trunfo: polivalência de Ricardo, Marega, Brahimi e, caramba!, do impressionante faz tudo e tão bem: Herrera.
Vamos lá ver, com objetividade.
Até meio da época - final de dezembro -, e em todas as competições, o FC Porto utilizou 24 jogadores (Galeno apenas 4 vezes; André Pereira só 23 minutos - ambos partiram em janeiro).
No Sporting, nesse período, 26 utilizados. Mas Adrien saiu num ápice…; e Salin, Tobias, Mattheus Oliveira, Alan Ruiz, mesmo Iuri Medeiros e Jonathan, foram muito secundários - os 5 últimos tiveram imediata dispensa.
No Benfica, 25 chamados a jogo. Porém, incluindo 3 guarda-redes (Svilar fez 9 jogos; Júlio César limitou-se a 4 e desistiu), meninos João Carvalho, Diogo Gonçalves pouco passando de suplentes, outro jovem, Chrien, ficando-se por 45 minutos, e Filipe Augusto e Gabriel Barbosa - tal como Lisandro López - depressa fazendo as malas… Ou seja: até numericamente, plantel inferior ao do FC Porto.
E no mercado de janeiro?
FC Porto: saiu Layún (dando ao miúdo Dalot oportunidades de confirmar que já vale muito). E o plantel cresceu com 4 aquisições: regresso de Paciência (11 vezes chamado à 1.ª equipa), contratação de Waris (8 utilizações), Paulinho (3) e Osório (1).
Sporting: saíram 5 (acima referidos), entraram 5. Aliás, 6… ou 7. Reforço do grande investimento: Wendel, Misic, Lumor, Rúben Ribeiro e Montero. Acresce: Rafael Leão, vindo da equipa B com aliciante fulgor, e, sobretudo, muito importante nos últimos meses!, fim do longo ostracismo pela SAD imposto a Bryan Ruiz… - o que Jorge Jesus muito agradeceu, depressa lhe devolvendo sistemática titularidade.
Benfica: plantel dizimado pior ficou. Em janeiro, entradas… zero! Ninguém em vez dos tais monos e - nova prova de enorme desinvestimento - nenhum reforço para render Krovinovic, sabendo-se que ele voltava a ser lesionado de longa duração. Por fim, demoradas baixas clínicas de jogadores cruciais, líderes no campo - Luisão e, decisivamente, os talentos diferenciadores: Salvio e Jonas -, destroçaram o que restava do tetracampeão.
Ou como, sendo do Sporting o grande investimento para melhor plantel, Sérgio Conceição, no FC Porto falido, elevou jogadores a topo de qualidade/rendimento e colheu máximos louros (sem esquecer oitavos de final na Champions e meias finais das Taças lusitanas perdidas… nos desempates por ditos penalties).
Decisão do 2.º lugar guardada para o último dia. Partindo da lógica de o Benfica se impor, na Luz, ao Moreirense - o menos aflito dos aflitos -, decisão a cargo do Sporting e do Marítimo, em casa do desiludido na anterior jornada ao falhar lugar europeu. Diga-se que o Benfica surpreendeu, no seu tudo por tudo em Alvalade, dando aula de tática, estupenda na 1.ª parte. Porém, postes e a classe de Rui Patrício (Bruno Varela foi quase espectador…) devem ter colocado o Sporting na rota dos € largos milhões, tão necessários…