FCP: luz ‘vs.’ escuro

OPINIÃO07.03.201903:06

ERA teste: que FC Porto logo após duríssimo desaire na nossa Liga? Eis a resposta, em síntese: eliminou a Roma. Com brilho? Sim, até ao penálti precipitadamente cometido, colocando-o em pior situação do que à partida. Depois, num longuíssimo despique, metendo prolongamento que teve muitíssimo à vista a fórmula de desempate onde portistas se têm dado mal, houve FC Porto de tremendo esforço, intenso coração carregando toneladas de emoções - incluindo supremo desafio de ultrapassar enorme desgaste físico. Por aí, fez-se justiça no penálti ainda mais desastrado do que aquele que dera 1-1.

Dragão passou do seu escuríssimo sábado para tão sofrida luz de ontem. Outra verdade: dá muito jeito arrepiar caminho, escolhendo o melhor onze…        

VITÓRIA do Benfica no Dragão assinada com muitíssimo mérito. Em estupendo confronto, verdadeiramente à dimensão de anunciado jogo do título - se o foi, veremos -, admirável personalidade num onze pouco experiente, com média de idades mais de 4 anos inferior à do onze portista!… (24 têm Odysseas e Gabriel, 23 tem Grimaldo e, sobretudo, 21 para Rúben Dias e Ferro - crucial centro defensivo tão jovem, Ferro fazendo apenas o 4.º jogo na equipa principal, que teste de fogo! -, só 19 tem o avançado João Félix!; 1.ª substituição entrando Gedson, 20 aninhos…).

Muitíssimo mérito porque, durante quase 80 minutos - até aos 77, quando Gabriel, o melhor em campo, absurdamente se fez expulsar! -, o Benfica foi, por regra, a melhor equipa; equilíbrio de excelente organização em todo o campo, solidez defensiva, ganas de atacar para vencer, a tal forte personalidade muito vincada ao sofrer 1-0 e recusar tremeliques, de imediato mais atacando. Odysseas, excetuado, logo aos 15 segundos, remate de longe (Alex Telles), pouco e fácil trabalho teve até ao minuto 90 (extraordinária defesa a tiro de Felipe!)… Casillas, por 2 vezes, perante adversários isolados (Pizzi e Seferovic), golo tão gritantemente à vista, aguentou o FC Porto.

Pura verdade: só no derradeiro quarto de hora, com 11 contra 10, o FC Porto foi em força para cima do adversário. Poderia ter empatado, na cabeçada de Felipe que tocou na parte superior da barra e no tiro (sempre o defesa Felipe…) face ao qual Odysseas, enfim, brilhou. Merecia o FC Porto empatar? Quanto a mim, pelo todo do excelente despique, não. Apenas um quarto de hora, e em superioridade numérica, foi muito pouco…   

Bruno Lage, o atrevido 

Que dizer de tamanha revelação? Personalidade no atrevimento das rapidíssimas/consistentes mudanças! Triunfos em série, incluindo Galatasaray, visitas a Guimarães, Alvalade (show de bola) e Dragão. Vieira muitíssimo feliz! Se, na bicuda rendição de Vitória, tivesse ido buscar técnico estrangeiro - vide Keiser -, os resultados imediatos não poderiam ser estes. Bruno Lage conhece o futebol português, é da casa, conhece a equipa do Benfica, o que estava feito por Rui Vitória e os jovens agora firmemente lançados (Vitória lançara 8, convém não esquecer!). E, fundamental!, mostra ser muito competente.    

Que se passou, Sérgio?

Acontece aos melhores treinadores: o dia em que erram. Sérgio Conceição, que tanto tenho elogiado, falhou antes e depois do jogo. Começo pelo fim: viu um jogo - com FC Porto manifestamente superior! - que não vi (só por ele visto, segundo a generalidade de comentadores). E péssimo (!) esteve ao recusar mão estendida de João Félix para cumprimentá-lo. Perder dói muito, a todos. Saber perder é só para senhores.

Antes do jogo: Militão, Danilo, Otávio, Soares… suplentes; que banco de luxo!

Militão ainda na ressaca de castigo por abuso noctívago? Manafá é muito bom reforço (não enganava no Portimonense); porém, num confronto tão crucial, não estar em campo a pujante classe de Militão, como defesa-central ou mesmo à direita, é estranhíssima anormalidade.

Danilo, hércules todo o terreno na linha média, ainda sem bom ritmo após lesão? Admite-se…

Otávio: na direita, fletindo para dentro como 3.º centro-campista, impulsionaria superior versatilidade e solidez (insólito: o FC Porto perdeu luta pelo controlo do importantíssimo meio-campo, até à expulsão de Gabriel!).

Soares no banco foi mesmo o que não entendi! Percebo, em parte, a explicação: Adrián numa estratégia de mais mobilidade na frente atacante. Só que, minha convicção, Soares, possante, raçudo e bom finalizador (o melhor avançado portista nos cabeceamentos), daria muitíssimo mais trabalho à imberbe, e quase inédita, dupla de centrais benfiquistas.