Fábula ou não...
O que um cão perdido na selva e um tigre enganado têm a ver com Taremi...
NÃO, não vou falar de um dragão - aliás, vou: mas através de um cão, o cão esperto de uma fábula. Perdido na selva, de repente viu surgiu-lhe um tigre no olho em espertina. Ladino e insinuante, logo se pôs a mordiscar ossos espalhados pelo chão - e, com o tigre a ameaçá-lo, atirou-lhe num urro (resoluto):
– Que delícia de tigre, este que eu acabei de comer...
Caído no engodo, o tigre pensou (entre o espanto e a perplexidade):
— Uff! Que cão bravo! Por pouco, não me comia a mim também...
e para trás voltou, furtivo, à cautela. No galho duma árvore, estava um macaco que, desprendendo-se de lá, foi, viscoso, atrás do tigre contar-lhe como o cão o ludibriara - e o tigre, furioso pelo embuste, agitou-se na vontade de o vingar. Apercebendo-se do seu regresso, o cão, em vez de se alvoroçar em fuga, deixou-se ficar impávido na sua aparência - e, com o macaco e o tigre já perto, largou o brado (alto para que nem uma palavra se perdesse ao vento):
– Que macaco mais preguiçoso, este! Há meia hora que lhe pedi que me trouxesse outro tigre para eu comer e ainda não apareceu com ele...
Desconfiado (e a medo...) o tigre rodopiou, esquivo, para outra banda e assim se salvou o cão - mostrando que na vida (como no futebol) a astúcia e a argúcia valem mais do que a força ou a ferocidade. É essa astúcia e essa argúcia (na esperteza do cão) que misturadas com a força e a ferocidade (sem o desassossego do tigre) vão fazendo de Taremi o que Taremi é cada vez mais: um avançado pós-moderno (que não é só ponta-de-lança, é lança inteira e toda ela cheia de veneno...) - que não entra em campo apenas para procurar (feroz) marcar golos, entra em campo para procurar (esperto) dar aos outros golos que não pode marcar. E uma coisa ou outra fazendo com a bola andar, dócil, lamber-lhe as botas - ou a sair-lhe de lá, precisa, em fogacho letal...