Estes adeptos que surgem
O otimismo sobreposto ao conhecimento - sendo isto uma forma complicada de o dizer
E STE é um texto de solidariedade entre nós, aqueles que percebem de futebol e o acompanham com frequência. Sugeria até um abraço de grupo, por muitos que sejamos, porquanto a virtualidade não impõe limites aos números, e pensemos na quantidade de vezes em que, nestas horas que antecedem jogos da Seleção, somos confrontados, como eu voltei a ser ontem, com conversas da grandeza da que se segue.
- Então, Miguel, qual achas que vai ser o resultado de Portugal com a Alemanha?
- Terá poucos golos, vai dar um a zero, para um lado ou para o outro.
- Achas que vamos perder?
- Pode acontecer. Vai ter poucos golos, será muito fechado, um a zero para um lado ou para o outro, ou mesmo zero a zero.
- Nem penses! Não percebes nada disto! Era o que faltava, temos de acreditar! Vamos ganhar! Dois a zero para a Seleção! Vamos ganhar! Temos de acreditar que vamos ganhar!
Meus caros amigos que nada sabem de futebol e que só veem jogos da Seleção de dois em dois anos, portanto nas fases finais: quando se diz o que se pensa não se diz necessariamente o que se gostaria que acontecesse. Quando alguém diz temer que a Seleção possa perder, atendendo à dificuldade do jogo, não significa que o deseje. É, justamente, por o temer que não o deseja, compreendem? Os vossos prognósticos de cabazadas não influenciam diretamente o marcador. O vosso súbito otimismo não aumenta o vosso conhecimento sobre as coisas. Por outro lado, a minha (a nossa) consciência da realidade não me torna forçosamente um deprimido nem um traidor à Pátria. Sosseguem.