Luciano Gonçalves durante uma entrevista a A BOLA, ainda como candidato da lista liderada por Pedro Proença às eleições da FPF
Luciano Gonçalves é o presidente do Conselho de Arbitragem da FPF (Foto Miguel Nunes)

Em contramão

OPINIÃO24.04.202507:20

O lado invisível é o espaço de opinião quinzenal de Rui Lança, diretor desportivo do Ittihad CC, da Arábia Saudita

Neste espaço de opinião, já abordei os dois maiores problemas sobre a cultura de trabalho e das organizações em Portugal: realizar um verdadeiro projeto e estratégia, e alinhar todos os que interessam em prol de um objetivo e compromisso comum. Nos últimos meses no futebol, temos observado outro: a incapacidade das pessoas em assumir, observar, entender — nem sei qual o melhor verbo — os factos e a informação que nos rodeia. E, tal como opinião não é ciência, convém não usar os factos como opinião.

Para o Mundial de Clubes, a FIFA nomeou 35 árbitros principais e 58 assistentes, com 24 a exercerem funções de VAR. E nenhum é português. Em tempos percebi melhor a tarefa árdua que é apitar, mas ignorar que vão 117 agentes de arbitragem e nenhum é português deveria levar os seus responsáveis a agir.

É verdade que podem andar ocupados a responder aos clubes que constantemente responsabilizam os árbitros pelo seu insucesso, mas se calhar o organismo que gere os árbitros também anda demasiado ocupado a responsabilizar os clubes ao afirmar que a intranquilidade é a principal razão para a falta de qualidade dos árbitros. Sejamos sinceros: algo se passa, ninguém guarda os melhores atores para o festival da aldeia em vez dos festivais mundiais.

O novo presidente da Liga Portugal tomou posse e assumiu, entre vários desafios, que, até ao dia de hoje, ainda não há nenhuma proposta de aquisição dos direitos televisivos. Uns dirão que ainda falta muito tempo, mas creio que, mesmo com as várias reuniões com todos os operadores e plataformas de distribuição de conteúdos a acontecer em breve, dificilmente se chegará a uma proposta nos valores pensados quando se iniciou este projeto.

Sou contra o projeto? Claro que não. Aquele número era viável na altura? Não sei responder. Mas há vários anos, pelo menos dois ou três, que se começou a perceber os problemas de outras ligas, como a francesa ou a dos Países Baixos, em conseguir valores que nos fizessem estar otimistas. E aqui temos de ser mais exigentes: pouco ou nada se fez para melhorar esta situação, ou pelo menos, com o efeito pretendido.

E o problema não é andar em contramão. Às vezes até é positivo, e é assim que nascem algumas das melhores ideias e visionários. O problema mesmo é não entender o sentido correto para os seus objetivos e contestar quando se começa a perceber que não se vai alcançar o objetivo, mesmo sem se perceber qual é a direção certa.

Sugestão de vídeo:

A FIFA anunciou a utilização de câmaras corporais no equipamento dos árbitros em jogos do Mundial de Clubes no próximo verão. No râguebi, a tecnologia já foi utilizada por diversas vezes, dando ao telespectador uma perspetiva única daquilo que se passa em campo. Recorde aqui a 'ref cam' do árbitro do jogo entre França e Irlanda, para o Torneio das 6 Nações de 2024
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