E se for mesmo Roger Schmidt?
Atual plantel encarnado está longe de dar a Schmidt um contexto fértil para ter sucesso
UM treinador precisa de contexto e de tempo. Uns são mais rápidos, outros lentos e há ainda os que, por maior que seja a autonomia que lhes concedam, se percebe que dificilmente chegarão a bom porto. Roger Schmidt, que parece ser, no mínimo, um dos mais fortes candidatos ao banco do Benfica, não é Klopp, Tuchel, Guardiola ou Conte, porém é nome interessante entre aqueles que realmente encaram com bons olhos a liga portuguesa. Personifica sobretudo uma ideia ou um rumo - de que a equipa carece -, embora, sublinhe-se, precise de contexto fértil e tempo para que tenha sucesso.
O modelo do alemão assenta em princípios básicos: pressão alta e frenética e agressiva reação à perda, linha defensiva subida para apertar o rival e construção fortemente vertical, mesmo em momentos de ataque posicional. Nesse sentido, o atual plantel encarnado está longe de proporcionar o tal contexto fértil. Dos centrais, só um Lucas Veríssimo de quem não se sabe bem como e quando volta parece fazer sentido, com Otamendi e Vertonghen a poderem ser ainda mais expostos na profundidade, também (mas não só) por culpa de um Vlachodimos incapaz de viver fora da área e limitado no jogo de pés. Também no meio-campo, onde a dependência de Taarabt é tão conhecida quanto os riscos inerentes à sua tomada de decisão, Weigl, João Mário e Meité não são jogadores para verticalizar com vertigem. Entretanto, no ataque, o cenário apresenta-se só um pouco melhor, uma vez que Rafa, Darwin, Ramos e Seferovic encaixam nos momentos de posse, pela capacidade de explorar o espaço mais à frente, porém nunca criaram ondas de pressão eficazes. E coloca-se ainda uma outra questão: é necessário vender para ter dinheiro para investir, mas não serão os que mais bem encaixam na ideia Schmidt aqueles que melhor mercado têm?