E o vencedor é?... SC BRAGA!
Cinco equipas portuguesas na fase de grupos das competições europeias. Uma proeza que seria profundamente angustiante desperdiçar. Daí a justificada irritação sobre as novas teorias de gestão desportiva em que o Benfica insiste, com resultados desportivos desoladores e resultados patrimoniais, do seu prestígio, catastróficos. Portugal luta ombro a ombro com os russos para voltar a qualificar duas equipas diretamente na fase de grupos da Liga dos Campeões e ainda uma terceira equipa nos play-off. Para mais, num tempo sensível, de transição para a era moderna das três competições europeias e da proximidade, cada vez maior, de um campeonato de elite que não se limitará a proteger o negócio, antes o fará disparar numa vitória total e provavelmente irreversível sobre o espetáculo, o que obrigará ao inevitável sacrifício dos pobres e dos remediados do mundo da bola.
A verdade é que esta poderá ainda ser uma época de oportunidade única para o relançamento do futebol português. Para mais, tendo conseguido juntar os cinco maiores clubes portugueses da atualidade, nem todos da mesma dimensão, nem todos do mesmo universo competitivo, mas, ainda assim, os melhores.
O FC Porto, de todos eles, é o que dá mais garantias. Tem uma personalidade forte e não treme nos palcos internacionais, nem se deixa tolher por uma apagada e vil tristeza por chegar a outros países, a outras culturas e se sentir fora da sua zona de conforto.
Por isso, devo dizer, me surpreendeu negativamente neste último jogo com os suíços. Cumpriu a obrigação de ganhar, mas não foi um Porto à Porto, para usar uma terminologia que é grata aos seus adeptos. Sofreu, lutou, foi resistente, como qualquer equipa de Sérgio Conceição sabe ser, mas pareceu cansada, desinspirada e, como dizia, e bem, o nosso colunista e portista Paulo Teixeira Pinto, cheia de luz e de sombras.
O Sporting, esse, continua a luta por encontrar a saída do seu próprio labirinto. Leonel Pontes desespera, mas não desiste. Deixou uma luz ao fundo do túnel, mostrando que poderia ter conseguido melhor resultado em Eindhoven. Mas é verdade que a equipa fez um primeiro quarto de hora muito interessante, sofreu um golo de contra-ataque, como diziam os antigos, contra a corrente do jogo, chegou a abanar e a ameaçar uma derrocada, mas reagiu, recuperou a dignidade no jogo e ainda deu sinais de esperança para o futuro, com o aparecimento de gente jovem com manifesta qualidade e óbvias potencialidades.
Quanto ao Vitória de Guimarães entrou naquela estafada lógica dos azares e dos destinos que levam os jogadores a sentirem-se compensados por melancolicamente «saírem de cabeça erguida». É, apenas, uma manifestação própria da inexperiência dos palcos internacionais, que só se resolve com afirmação da personalidade e com mais jogos jogados.
Enfim, o SC Braga. Foi o grande vencedor português da jornada europeia. Com alguma surpresa, diga-se, em função das exibições e resultados internos. Não deixa de ser curioso que o SC Braga tenha um problema inverso ao dos seus companheiros nacionais. Em casa parece não saber estar e fora de casa ganha raça, estímulo, confiança.
A vitória da equipa de Sá Pinto, em Inglaterra, frente ao Wolverhampton, pode e deve qualificar-se como histórica. Merece, aliás, ser tratada como tal. Não é uma vitória comum, não é um sucesso ao alcance de uma qualquer equipa. Seria bom que o SC Braga soubesse, agora, aproveitar a embalagem de um resultado invulgar como este para se relançar na época, estabilizar em cima e abandonar, de vez, a sua política de iô-iô.