E foi possível levar a I Liga até ao fim!

OPINIÃO27.07.202003:00

Pronto. Acabou-se. O Campeonato Nacional mais atípico da história do futebol português chegou ao fim. Num contexto tremendo, ingrato, difícil e dramático, a primeira palavra deve ir para aqueles que acreditaram que era possível levar a prova até ao derradeiro apito da 34.ª jornada. Portugal, recorde-se, foi o segundo país a retomar o futebol, a seguir à Alemanha, e fê-lo de forma exemplarmente profissional. O reconhecimento a quem pôs esta empresa em pé - FPF, a locomotiva da composição, a Liga, que manteve um voluntarismo entusiástico, e a DGS e o Governo, que garantiram a segurança sanitária e viram mais além - é uma obrigação e só porque houve estas conjugações de vontades foi possível, por um lado resolver as questões desportivas dentro das quatro linhas, e não na secretaria; por outro, graças ao futebol os portugueses aproximaram-se um pouco mais da normalidade que lhes fugia. Não reconhecer tudo isto neste momento, seria de uma ingratidão sem nome.
Aliás, graças ao desporto está a ser possível contrariar um ciclo político-económico que tem deixado Portugal fora do fluxo turístico que a situação presente deveria propiciar. Vem aí a Champions, depois virá a Fórmula 1, um e outro a darem ao nosso país o Palco Mundo que pode ajudar a uma retoma mais rápida.
Da I Liga, que ontem terminou, algumas notas: campeão justo, Benfica em fim de ciclo, SC Braga a fazer história, Sporting a morrer na praia, Rio Ave a ganhar a Europa ao sprint a um extraordinário Famalicão; e ainda a pergunta perturbadora: como foi possível que o Portimonense, com um plantel para cheirar a Europa, tivesse descido de divisão. E mais: sabendo-se que a SAD do Portimonense tem um projeto desportivo muito associado a um modelo que passa pela visibilidade dos jogadores, como irá resistir à Liga 2 (mais a mais nas condições de incerteza pandémica vigentes)?
Em relação ao outro clube despromovido, o Desportivo das Aves, espero que as responsabilidades da SAD sejam avaliadas até ao mais ínfimo pormenor, e que o futebol português esteja já a preparar alterações que impeçam que os clubes fiquem à mercê de quem quer que seja.
PS - CR7 bicampeão de Itália, no nono título consecutivo da Juve, que já ganhou 36 scudetti.