E este Gil de Ricardo Soares?
A genialidade de Fran Navarro marca o ponto mais alto em exibições individuais excelentes
E XTRAORDINÁRIO trabalho de Ricardo Soares no Gil Vicente. Já extraordinário antes do pontapé de saída no Dragão, ainda mais depois do apito final, e qualquer que fosse o resultado! O empate, mesmo conseguido com felicidade (e basta lembrar as bolas nos ferros), misturada com incompetência dos atacantes portistas num ou noutro momento, sublinha uma grandiosa exibição que ameaçou ser épica, não fosse a má tomada de decisão do guarda-redes gilista Andrew no empate, e ainda uma época em que a equipa mostra solidez jornada após jornada, talvez até maior do que alguns emblemas colocados mais acima na tabela.
Jogar com menos um desde os dois minutos diante do FC Porto, o candidato com aspirações cada vez mais reforçadas ao título, pleno de confiança e de argumentos, e com o peso histórico de 24 vitórias em outros tantos jogos no confronto direto, nunca é fácil, porém o que realmente é complicado é fazê-lo da forma que o fez. Nunca o Gil Vicente baixou linhas, nunca deixou de procurar a baliza de Diogo Costa e chegou a ser a melhor equipa em campo durante grande parte do encontro. Só o desgaste natural de tanto tempo em desigualdade de forças terá impedido os minhotos de realmente lutar pela vitória, como certamente terão aspirado na preparação para o embate com os azuis e brancos.
Se há culpas evidentes na abordagem da portista perante a bola descoberta em Samuel Lino, a genialidade de Fran Navarro marca o ponto mais alto entre exibições individuais de excelência, sobretudo do meio-campo para a frente – Pedrinho, Fujimoto ou Leautey –, mas também Zé Carlos, um dos melhores laterais da Liga. A bola respira com facilidade, a equipa desenha triângulos para um futebol de apoios, sobretudo sempre que encontra espaço, e os resultados aparecem. Chapeau, Ricardo Soares!