E assim nasceu a lenda Jesus

JORGE JESUS tornou-se lenda. Aconteça o que acontecer. Era impossível não ver o impacto que o treinador teve no Benfica e até no Sporting, e não imaginar que numa conjuntura muito própria - um Brasil muito fechado em si mesmo no que toca a novas ideias, de treino e de jogo, um clube com um apoio monumental e a capacidade de recrutar no mercado jogadores experientes e com elevada qualidade, juntando-os ao já excelente plantel existente - iria ter sucesso. Muito sucesso.
O que talvez surpreenda é a forma como tomou de assalto o Brasileirão e a Libertadores até à final. Em Lima, a soma do excesso de confiança millonario e de uma fome rubro-negra de 38 anos terá feito o resto.
O futebol canarinho bem que pode agradecer a lição e esquecer de vez a soberba. Jesus abriu as portas a mais estrangeiros e até portugueses, e escancarou-a para si num grande europeu.
O próximo desafio ainda será pelo Flamengo, em dezembro, no Mundial de Clubes e encerrar-se-á aí o ciclo. Já não poderá sair num ponto mais alto nem haverá algo mais a conquistar. Talvez fosse diferente, acredito, se não tivesse ganho a Libertadores, mas agora irão chover convites e estará mais fora que dentro. Afinal, o que há maior do que tornar-se lenda? Olé, olé, mister, mister!
José Mourinho merece muito mais do que um último parágrafo, mas assinale-se a boa notícia do regresso ao trabalho. No Tottenham encontrará bom tecido coletivo com que trabalhar e tempo também para fazê-lo. O resto dependerá das escolhas. Do que repensou no ano de paragem, das ideias para uma equipa montada para um futebol associativo e positivo, e da ligação que conseguir estabelecer com os jogadores, algo em que era fortíssimo. A nova equipa técnica parece simbolizar um recomeçar do zero, e sucesso pode estar à vista. Só pecará por tardio!