Digam-se as coisas como elas são...
Na época passada o confinamento temperou as reações e este ano os bons resultados anestesiaram os críticos. Até agora. E agora, JJ?
H Á um elefante na sala do Benfica de quem ninguém falou. Porém, como elefante que é, não passa despercebido. A época de 2015/2016 foi devastadora para a relação entre Jorge Jesus e os adeptos encarnados, não só por ter escolhido o Sporting, mas sobretudo pelo que disse do Benfica, e no Benfica dele disseram. Foi o tempo dos processos em tribunal e das indemnizações milionárias exigidas, algo que acabou por ficar em águas de bacalhau quando Jesus e Vieira se reaproximaram. Mas o dano estava lá, irrefutável, irreparável, irreversível.
Quando, em 2020, Luís Filipe Vieira decidiu contratar Jorge Jesus, uma parte muito significativa do benfiquismo não gostou. Mas estava-se em plena pandemia, vigorava o regime da porta fechada, e mesmo perante uma temporada cheia de insucessos, a anestesia coletiva do confinamento temperou as reações. Na preparação de 2021/2022, deu-se a queda de Vieira e iniciou-se todo o processo que desaguaria em eleições antecipadas. Nesses meses atípicos, graças a uma sucessão impressionante de vitórias e bom futebol, Jorge Jesus (que é um bom treinador, disso ninguém duvide) foi um não-tema quer para Rui Costa, quer para Francisco Benitez. Mas foi-o apenas porque a equipa estava em maré vencedora e convencedora, e não porque a azia relativamente a Jorge Jesus tivesse passado.
Aquilo a que estamos a assistir agora não deve surpreender ninguém. Não fora a excecionalidade pandémica e a pressão já teria feito a panela explodir durante a temporada passada. A única coisa que mantinha Jorge Jesus dentro da margem de tolerância dos adeptos eram os resultados e sem estes as memórias de 2015 emergiram, implacáveis, para uma cobrança que não tinha sido ainda feita.
Dito tudo isto, há que lembrar que o Benfica está a um ponto da liderança da Liga, luta pelo acesso aos oitavos da Champions e mantém-se na Taça de Portugal e na Taça da Liga. Ou seja, nesta altura da época, tudo é ainda possível. Fundamental para os encarnados é que Rui Costa abarque a complexidade do momento e Jorge Jesus tenha bem presente que, na situação vigente, não possui qualquer margem de tolerância relativamente aos adeptos: mais do que nunca, depende dos resultados, e sem estes não terá tempo para pedir tempo, porque o tempo disso já lá vai…
ÁS – SEBASTIAN COATES
O internacional uruguaio está a viver no Sporting de Rúben Amorim a melhor fase da carreira, na dupla função de xerife a defender e pistoleiro a faturar. Um homem é ele e as suas circunstâncias e demorou até que Coates se visse no contexto certo para mostrar ao mundo todo o seu tremendo potencial.
ÁS – CRISTIANO RONALDO
Exibição de luxo na casa do Tottenham, com um golo à Van Basten e uma assistência à Cruyff. talvez, numa parceria com Cavani, municiada por Bruno Fernandes e defendida por um bloco de sete unidades, CR7 possa ajudar melhor o Manchester United, que tem mostrado escassos argumentos coletivos, a sair da crise...
DUQUE – MAX ALLEGRI
Pelo que vai sendo possível ver, os problemas da Juventus não tinham exclusivamente a ver com Sarri ou Pirlo. Allegri vai pelo mesmo caminho e não consegue devolver à Vecchia Signora a alegria de jogar. E sem CR7 a disfarçar muitas insuficiências, o problema agudiza-se e parece requerer medidas draconianas.