Desporto Universitário e Mobilização Jovem: uma constante de proporcionalidade direta
Tribuna Livre é um espaço de opinião em A BOLA, este da autoria de Diogo Salgado Braz, Vice-Presidente da FADU Portugal e Estudante-Embaixador da FISU
Vivemos tempos de transformação acelerada, onde a participação ativa da juventude tem-se revelado crucial para a construção de uma sociedade dinâmica e progressista. Contudo, a mobilização dos jovens enfrenta desafios significativos, desde a apatia política até à sobrecarga académica e profissional. Como podemos, então, fomentar e incentivar as gerações Y e Z a ser parte ativa das mudanças que moldam o presente e o futuro?
Durante demasiado tempo, os jovens foram considerados «o futuro», o que, embora verdadeiro, pode levar a um perigoso adiamento da ação. O envolvimento juvenil não pode ser remetido para um tempo incerto; deve ser estimulado no presente. O desporto universitário surge, assim, como uma das ferramentas mais eficazes para esta mobilização, proporcionando um espaço onde os estudantes podem desenvolver competências, criar impacto e integrar-se de forma ativa na sociedade.
A participação ativa dos jovens encontra desafios como a perceção de que «nada muda», a falta de reconhecimento pelo esforço investido e a ausência de incentivos concretos. Acresce ainda a fragmentação digital e a velocidade com que a informação é consumida, fatores que dificultam o envolvimento prolongado em projetos e iniciativas. Contudo, a multiplicidade de atividades em que os estudantes estão envolvidos requer deles uma maior capacidade de organização, algo que se traduz num fator positivo para o seu desenvolvimento pessoal e profissional. O mesmo se aplica aos estudantes-atletas, que conciliam a exigência da prática desportiva com o sucesso académico.
Cabe às Instituições de Ensino Superior, às federações desportivas, às associações estudantis e às organizações de juventude criar estratégias que tornem a participação jovem mais acessível, atrativa e recompensadora. Neste contexto, a FADU, superiormente liderada por Ricardo Nora, assume a missão de colocar o estudante-atleta como elemento central do processo, garantindo as condições necessárias para que este possa aliar a excelência desportiva ao sucesso académico. O desporto universitário não é apenas um espaço de competição; é um meio de desenvolvimento integral, proporcionando ferramentas essenciais para a vida profissional e cívica dos jovens.
Nos próximos anos, Portugal será palco de grandes competições universitárias internacionais, proporcionando oportunidades únicas de envolvimento juvenil.
Em 2025, receberemos três Campeonatos Europeus Universitários — Andebol na Covilhã, bem como Ténis e Padel em Coimbra.
Já em 2026, acolheremos dois Campeonatos Mundiais Universitários — Desportos de Praia na Figueira da Foz e Orientação em Vila Real. Eventos estes que não serão apenas momentos de competição, mas sim plataformas de participação ativa, onde os jovens poderão integrar as equipas de voluntariado e vivenciar experiências enriquecedoras, contribuindo para a organização e sucesso das competições.
Através do desporto universitário, os estudantes aprendem valores fundamentais como a disciplina, o trabalho em equipa, a liderança e a resiliência. Estes princípios não só potenciam o seu desempenho desportivo e académico, como também os preparam para os desafios da sociedade contemporânea, fortalecendo o seu papel enquanto cidadãos ativos e participativos.
Não obstante, as Instituições de Ensino Superior (IES) desempenham um papel fundamental neste processo, proporcionando momentos que incentivam a participação jovem ativa. Criar mecanismos de envolvimento que falem a linguagem dos estudantes, utilizar estrategicamente os meios digitais e reconhecer publicamente os seus esforços são passos essenciais para garantir uma mobilização efetiva.
O desporto universitário tem provado, repetidamente, ser uma plataforma eficaz para a transformação e capacitação juvenil. Como afirmou John F. Kennedy, antigo Presidente dos EUA: «Se não nós, quem? Se não agora, quando?» O momento de agir é agora, e o desporto universitário continuará a ser um veículo direto e poderoso de mobilização e participação jovem.