Descentralização

OPINIÃO13.01.201900:01

1 - Terminou a primeira volta desta Liga NOS. O Futebol Clube do Porto lidera com cinco pontos de avanço em relação ao segundo classificado, o Benfica. Mas nesta última jornada, que só acaba hoje, o grande vencedor foi o Benfica. Ganhou categoricamente nos Açores, viu o Sporting de Braga empatar em Portimão e assistiu ao empate do Sporting em Alvalade no primeiro dérbi deste ano de 2019. O jogo de Alvalade, numa bonita e singular tarde de futebol, não foi, de verdade, um grande clássico. Foi um jogo repartido, demasiado tático e em que o Sporting pareceu contente com o  empate, dando a entender que a sua preocupação era não dilatar a sua desvantagem face a Benfica e Braga. Assumindo que a liderança do Futebol Clube do Porto lhe parece inquestionável. Não foi deitar a toalha ao chão, mas pareceu. Foi, direi, a vitória, porventura do realismo e da racionalidade, bem holandesa, do treinador do Sporting. Obrigou este Futebol Clube do Porto de Sérgio Conceição a ser menos exuberante - diria que jogando com menos fulgor -  e mostrou que a sua equipa sabe defender e sabe controlar os jogos, ao contrário do que evidenciara, negativamente, por exemplo, em Portimão e em Tondela. O empate em Alvalade foi um resultado justo e Sérgio Conceição, afinal, não ultrapassou, no que respeita a vitórias consecutivas, Jorge Jesus. Mas falta toda a segunda volta de uma Liga que se vai disputar muito nos relvados e, bastante mesmo, para não fugir ao que nos habituámos, fora deles.

2 - O Benfica, agora liderado por Bruno Lage, venceu, categoricamente, o Santa Clara. A festa foi bem bonita. Com um estádio cheio, vibrante e acolhedor. E com a demonstração, inequívoca, que em termos de assistência o Benfica goleia o Futebol Clube do Porto e o Sporting. O dobro das assistências dos jogos dos rivais, o que evidencia o fervor das gentes de São Miguel como, aliás, há cerca de vinte anos constatei quando participei, na companhia do saudoso Senhor Eusébio da Silva Ferreira, numa festa de aniversário do Santa Clara. O Benfica pressionou, bem e muito, o Santa Clara e lutou, bem e muito, durante largos períodos do jogo. Este Benfica de Bruno Lage, depois destas duas vitórias, sabe que vai ter uma intensa segunda quinzena de janeiro. Onde muito se vai decidir. Na Taça de Portugal, e no seu acesso às meias finais, já no arranque desta próxima semana. Depois, também em Guimarães, o arranque da segunda volta desta renhida Liga. Depois, ainda no Minho, e na cidade rival, Braga, a disputa da Taça da Liga, naquilo que o seu marketing, e bem, identificou com a procura do Campeão de Inverno. Uma nota pessoal: tenho admirado - sim a palavra é essa! - a discrição e a serenidade de Bruno Lage. E, até, os seus feelings. A sinceridade das palavras e a sua perceção da ligação aos adeptos sabem bem. Mesmo bem. E o balneário, este balneário, tem de o sentir e de o assumir. É que é a ligação entre treinador e jogadores - onde entra a rotatividade - e a conexão entre equipa e adeptos - onde entram a disponibilidade e a responsabilidade - que motivam para o legítimo sonho da reconquista. Com a consciência que o Benfica, este Benfica, tem uma segunda volta bem complexa - com visitas a Alvalade, ao Dragão e a Braga - e tem que avançar, e muito, em termos de Liga Europa. Mas Bruno Lage merece ser acarinhado. E o carinho não é caridade. O carinho implica reconhecimento de capacidade e de caráter. Mas como Robert Frost, direi que «trabalhando dedicadamente oito horas por dia talvez acabes em chefe a trabalhar doze horas por dia». E estas novas doze horas de Bruno Lage têm sido motivantes e estimulantes. Desde logo para este simples adepto do Benfica e este bem pequeno acionista da SAD do Benfica.  

3 - Vamos viver tempos complexos no futebol. Acredito que as ruturas de tesouraria se vão multiplicar nas próximas semanas. Acredito que até final deste mês de janeiro haverá algumas mexidas em certos plantéis, incluindo em muitos que participando na segunda Liga - que vai mudar de patrocinador, o que implica uma saudação especial à Liga e ao seu presidente -, ainda sonham em subir à única competição que, em Portugal, gera proveitos e, por isso, é tão tentadora. E basta olharmos para os investidores estrangeiros que, com sagacidade, adquiriram parte substancial do capital social das sociedades desportivas, qualquer que seja a sua específica natureza, que participam nas por ora identificadas como competições profissionais. E na antecâmara, repito, de uma mudança estrutural, diria que revolucionária, da definição dessas competições e, até, do valor dos direitos televisivos conferidos às SADs. Desde logo àquelas que participam nesta segunda liga. Mas não só… acreditem!

4 - A Taça da Liga de futsal conhece hoje o seu vencedor. O que aqui importa realçar é que a fase final desta competição se disputou, nos últimos dias, no Pavilhão Multiusos de Sines. Há poucos meses voltei a Sines a convite do meu Bom e querido Amigo Joaquim Barbosa. Na companhia, bem fraterna, dos seus três irmãos, abracei o porto, degustei a sua gastronomia, deslumbrei-me com olhar penetrante das suas praias e do oceano que as acaricia. E, de cima de um penetrante miradouro, senti que vale a pena saudar e vibrar à VIDA. E é esta VIDA que, mesmo no final de um clássico sem muita chama, importa realçar. Sabendo que, também ontem, na ilha Terceira, ali nestes Açores que sempre nos atraem, o Benfica e o Futebol Clube do Porto chamaram muita gente aos pavilhões do Terceira Basket e do Lusitânia para vibrarem com dois jogos de basquetebol. E, assim, o desporto, em época baixa, estimula o turismo e mostra a muitos a beleza singular dos Açores, e das suas ilhas, e a cativante hospitalidade das suas gentes. Como a que sentimos, de verdade, também em Sines! Terra hoje do futsal numa iniciativa da nossa Federação que se saúda. Aqui há, a sério, descentralização! Há mesmo!