Da Luz a Budapeste

OPINIÃO15.11.202002:30

1 - A campeã do Mundo ganhou, com mérito, à campeã da Europa. Ao perdermos ontem na Luz não iremos defender , em outubro do próximo ano o troféu da Liga das Nações. Agora temos de esperar pelo sorteio para o apuramento do Mundial do Catar e prepararmos , depois deste jogo no Estádio da Luz, a viagem para Budapeste para o jogo inaugural do Europeu, agora Europeu de 2021. Com a certeza que voltaremos nesse Europeu a defrontar  a França, o seu coletivo e as suas individualidades. A França, com a vitória de ontem, ganhou o direito de marcar presença na segunda final four desta competição pensada em português e cuja primeira edição organizámos e, com justiça, conquistámos. Mas ontem a França foi melhor. E mereceu ganhar!

2 - Entre ontem e a próxima quarta-feira disputam-se os jogos derradeiros da fase de grupos - aqui mesmo no plural ! - desta segunda edição da Liga das Nações. Depois , já em dezembro, ficaremos a saber em que grupo caímos para o acesso, via UEFA , ao Mundial do Catar. E, assim, do jogo de ontem na Luz, e depois da visita à Croácia, começamos a olhar para o Europeu de 2020 que se disputará, em moldes definitivos ainda por decidir em razão da pandemia, no principio do verão de 2021. E o que o calendário por ora  indica é que começamos a disputa da reconquista do título europeu em Budapeste a 15 de junho e jogando contra a Hungria, que conquistou a presença num jogo com um final categórico na passada quinta-feira e ultrapassando a Islândia. Jogaremos em Budapeste  contra a Hungria e depois contra a França, a 23 de junho, e defrontaremos  a Alemanha, em Munique, a 19 de junho. É evidente que teremos uma fase de grupos bem complexa e jogando fora - mesmo fora - duas das partidas e voltando a defrontar a França. Mas o que sabemos, por ora, e sem que a pandemia volte a condicionar, é que da Luz a Budapeste serão pouco mais de seis meses e até lá Cristiano Ronaldo somará mais alguns golos que determinarão que chegue ao patamar de maior goleador da história do futebol, e no que respeita a seleções  nacionais, na antecâmara  do Europeu agora de 2021. E num momento em que a vacina já terá chegado e acalmado esta aldeia que, sendo global, viu um vírus ultrapassar as fronteiras e entrar de rompante em milhões de lugares, espaços e casas. Sem que, mesmo fechando fronteiras e portas, a sua propagação seja interrompida. Esperemos que, entre nós, proximamente mitigada em razão das restrições, bem severas, a que estamos sujeitos.

3 - As 24 seleções que irão participar na fase final do Europeu de 2020 a disputar em junho de 2021 estão definidas com a realização dos play-offs que determinaram  que Hungria, Eslováquia, Escócia e Macedónia do Norte se juntassem às 20 seleções  já apuradas. A Hungria participa pela quarta vez, a Escócia pela terceira vez e a Eslováquia pela segunda vez e, aqui, com a especificidade que até 1992 era a antiga Checoslováquia que também representava o futebol da região da Eslováquia! Quem participa pela primeira vez é a Macedónia do Norte, que com um golo do capitão Pandev ganhou (1-0)  à Geórgia  e vai levar milhões de europeus, através do futebol, a conhecerem  um novo país da denominada grande Europa. E o que será interessante é que a Macedónia do Norte será a  única seleção dos Balcãs a marcar presença no próximo Europeu. Os seus vizinhos próximos ficaram de fora: Grécia, Albânia, Sérvia, Bulgária e Kosovo. Os mais próximos são, assim, a Turquia e a Croácia. E, assim, a alegria que  se viveu na noite de quinta para sexta-feira em Escópia - a capital de um Estado com pouco mais de dois milhões de habitantes -, vai levar milhões de pessoas de, através do futebol, conhecerem um País que pertenceu à antiga Jugoslávia , que disputou renhida e apaixonadamente o nome com a Grécia, que não tem saída para o mar e cuja disputa com os Gregos senti, e senti bem, há cerca de quatro anos quando visitei Salónica, a segunda cidade grega e cidade do PAOK. É que, ali, era o centro da Macedónia grega e não admitiam que os lá de cima utilizassem o nome Macedónia, sempre ligado ao famoso Alexandre o Grande. Agora no Europeu o futebol dá a conhecer ao mundo uma seleção, um hino e, logo, um estado que desde 1993 integra a Organização  das Nações Unidas. E, assim, o futebol motiva a que a Macedónia do Norte passe a ser  um Estado que de quase desconhecido passa a ser verdadeiramente conhecido!

4 - As severas  restrições do estado de emergência levaram, levam e levarão a significantes mudanças de comportamentos e profundas alterações de horários. As limitações de circulação   determinam o fecho em casa das 13 horas deste domingo às cinco da manhã de amanhã. Como já aconteceu ontem e ocorrerá no próximos fim de semana . Quase me apetece escrever nos próximos fins de semana… com, porventura, alguns ajustes em razão de certas necessidades. O que sabemos é que, também no desporto, as mudanças aconteceram, acontecem e irão acontecer. Hoje, neste domingo, e pela manhã, disputam-se 24 jogos do Campeonato de Portugal. Como já na manhã deste sábado se disputaram, pelas onze da manhã, três partidas dessa mesma competição, como jogos da Liga feminina - com vitória do Sporting face ao Benfica - ou da Liga Revelação. Como os jogos das competições distritais de futebol ou encontros de diferentes modalidades como futsal, basquetebol, voleibol, andebol ou hóquei em patins. Este desporto pelas manhãs tem de ser  extraordinário e excecional. Os jogadores do Desportivo de Bragança, por exemplo, saíram hoje de casa às cinco da manhã  para jogar em Vila Nova de Cerveira às 11 da manhã. Dizem-me que tomarão um pequeno-almoço reforçado em Ponte de Lima . Também desta singularidade e deste esforço é feito a resposta à pandemia. As competições  só podem parar em verdadeiro estado de necessidade de um estado de emergência. Até lá os sacrifícios pessoais e institucionais são imensos. Acompanhando que «a cada instante há que sacrificar o que somos ao que podemos vir  ser»!

5 - Entretanto na Luz, e no Benfica, não se deixa de acreditar. No regresso às vitórias e a boas exibições, a jogos sem sofrer  golos e com momentos de nota artística. Esta pausa veio em bom momento. E o regresso às competições tem de juntar vontade e solidariedade, ânsia de vencer e sentido de equipa. Sentido de equipa!